Texto de Kennyo Ismail ⋅
elaborado em 7 de fevereiro de 2012 ⋅
Da luz que de si difunde
Sagrada Filosofia
Surgiu no mundo assombrado
A pura Maçonaria
A
Idade Média é considerada a “idade das trevas”, os “mil anos de escuridão”,
pois a Igreja Católica impedia a evolução da ciência e controlava a educação,
promovendo a submissão da razão em nome da fé. Após o fim da Idade Média,
tem-se a Idade Moderna, na qual surgiram o Iluminismo e a Maçonaria. A
Maçonaria é considerada, junto de outras instituições, a responsável pela
difusão do ideal de livre busca da verdade.
Maçons, alerta!
Tendes firmeza Refrão
Vingais direitos
Da natureza
Os
“direitos da natureza” são os direitos naturais, defendidos pelos
jusnaturalistas. Trata-se dos direitos considerados próprios do ser humano,
independente de época e lugar. Entre esses direitos, destacam-se os direitos a
vida, a liberdade, a resistência à opressão, e a busca da felicidade. Esses
direitos foram, em outras épocas, tomados do homem através da tirania e do
fanatismo. E cada maçom deve defendê-los.
Da razão parto sublime
Sacros cultos merecia
Altos heróis adoraram
A pura Maçonaria
A
alegoria da caverna, de Platão, mostra o homem cego e acorrentado pelas amarras
da ignorância, e ensina que a descoberta do mundo deve se dar de forma
gradativa. O homem ao sair da caverna sofre como um recém-nascido quando do
parto, mas ambos ganham um mundo novo. Após os anos de “mundo assombrado”, a
humanidade assiste o nascimento da Maçonaria, uma Ordem cujos ritos cultuam a
razão, retirando homens da caverna da ignorância e dando-lhes a luz de uma nova
vida. Talvez por isso da Maçonaria ser berço de tantos heróis e libertadores.
(Refrão)
Da razão suntuoso Templo
Um grande Rei erigia
Foi então instituída
A pura Maçonaria
O
grande Rei erigindo um suntuoso Templo da razão é o Rei Salomão, tido como
possuidor de toda a sabedoria. E é da construção de seu templo que
alegoricamente foi instituída a Maçonaria, visto ter na lenda dessa construção
o terreno fértil para a transmissão de muitos de seus ensinamentos.
(Refrão)
Nobres inventos não morrem
Vencem do tempo a porfia
Há de séculos afrontar
A pura Maçonaria
“Porfia”
significa “disputa”. Apenas as ideias nobres vencem a disputa contra o tempo. A
Maçonaria, por sua nobreza de ideais, tem sobrevivido ao passar dos séculos, ao
contrário de muitas outras instituições que sucumbiram diante do tempo, sempre
implacável.
(Refrão)
Humanos sacros direitos
Que calcara a tirania
Vai ufana restaurando
A pura Maçonaria
“Calcar”
significa “pisotear”, “esmagar”, enquanto que “ufana” significa “orgulhosa”,
“triunfante”. Em outras palavras, a estrofe diz que: a pura Maçonaria vai
triunfante restaurando os sagrados direitos humanos que foram pisoteados pela
tirania.
(Refrão)
Da luz depósito augusto
Recatando a hipocrisia
Guarda em si com o zelo santo
A pura Maçonaria
A
Maçonaria guarda em si, com o devido cuidado, a luz da razão. Em seu interior,
a hipocrisia vai sendo “recatada” (envergonhada), enquanto que a verdade é
exaltada. A razão, duas vezes citada no hino, está diretamente ligada à
verdade, esta o oposto da hipocrisia, pois não existe razão sem verdade, assim
como a verdade só é encontrada com a razão.
(Refrão)
Cautelosa esconde e nega
À profana gente ímpia
Seus Mistérios majestosos
A pura Maçonaria
A
Maçonaria mantém seu caráter sigiloso e grupo seleto em proteção de seus
augustos mistérios, para que aquelas pessoas ofensivas ao que é digno não
possam alcançá-los.
(Refrão)
Do mundo o Grande Arquiteto
Que o mesmo mundo alumia
Propício, protege e ampara
A pura Maçonaria
E
por fim, a Maçonaria é posta como instituição sagrada, da qual o próprio Grande
Arquiteto do Universo é favorável, e por isso a protege.
(Refrão)
COMENTÁRIOS
FINAIS:
Questão
interessante sobre esse Hino, que recebeu o nome genérico de “Hino da
Maçonaria” por não ter sido originalmente nomeado, é quanto a sua autoria.
Várias fontes maçônicas o colocam como sendo letra e música de D. Pedro I. Não
há documento algum que corrobore com essa teoria. Outras tantas fontes,
inclusive o GOB, apontam o autor como sendo Otaviano Bastos, o que é
impossível. O próprio Otaviano escreveu em sua obra “Pequena Enciclopédia
Maçônica” que a música é de D. Pedro I, mas a letra é de autor desconhecido.
Há
ainda outra questão relacionada ao hino e que merece atenção. Alguns escritores
que se propuseram a interpretar o hino, ao se depararem com o termo “recatando
a hipocrisia”, não compreendendo seu real significado, cometeram o gravíssimo
erro de modificar a letra do hino para “recatada da hipocrisia”, de forma que o
hino pudesse se encaixar devidamente aos seus entendimentos, em vez do
contrário. Ora, imagine modificar a letra de um hino musicado por D. Pedro I,
cujo valor histórico e maçônico é incalculável, para se alcançar a
interpretação desejada… é o que podemos chamar de “estupro da história”.
CONSULTAS:
GUIMARÃES,
José Maurício: Dissecando o Hino da Maçonaria. Portal “Formadores de Opinião” e
Portal “Samaúma”.
RIBEIRO,
João Guilherme da C.: O Livro dos Dias 2012. 16a Edição. Infinity.
RUP,
Rodolfo: O Hino Maçônico Brasileiro. Portal Maçônico “Samaúma”.
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