O
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brasileiro José Hipólito da Costa Pereira Furtado de Mendonça
foi
nomeado Grão-Mestre Provincial na Inglaterra em 1813. José Hipóiyto nasceu em
1774, na Colônia de Sacramento, uma cidade do Rio da Prata, hoje Uruguai, mas
na época território brasileiro. Era advogado, filósofo, naturalista e um
Franco-maçom entusiasta, tendo sido iniciado em uma Loja na Filadélfia, Estados
Unidos da América do Norte.
Através de suas ligações com Londres foi
arrumando um Tratado
de Amizade com as Lojas de Portugal, muito bem aceito pela
Grande Loja Unida da Inglaterra.
Ele foi Grão-Mestre Provincial do Condado
de Rutland que é um dos 14 condados do estado americano de Vermont. A sede e
maior cidade do condado é Rutland. Foi fundado em 1781.
José Hipólito da Costa Pereira Furtado de Mendonça |
Além de Grão-Mestre Provincial ele era
membro do Conselho de Assuntos Gerais e Presidente do Conselho de Finanças.
Além disso Hipólito ocupou altos postos no Supremo Grande Capítulo e nos
Cavaleiros Templários. Ele foi sem sombra de dúvidas, um homem admirável,
recebendo da Grande Loja uma mensagem em pergaminho com iluminuras. Morreu em
Londres, em 1823.
“O
Dia Nacional da Imprensa no Brasil”,
a partir da lei 9.831, assinada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 13
de setembro de 1999, é comemorado em 1º de junho, quando começou a circular, em
Londres, o Correio
Braziliense ou Armazém Literário (1808-1822). Fundado por
Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, este mensário é considerado
o primeiro jornal brasileiro.
Nosso primeiro periódico foi impresso na
Inglaterra devido à Censura Régia, que proibia a presença de tipografias na
Colônia. Qualquer material impresso, que não tivesse a sua aprovação, era
considerado de caráter subversivo. O desrespeito a essa lei, imposta pela Coroa
Portuguesa, em 1747, trazia, de alguma forma, resultados funestos a qualquer
indivíduo que se atrevesse a descumpri-la. Um exemplo de perseguição foi o que
ocorreu, em 1747, no Rio de Janeiro, com Antônio Isidoro da Fonseca,
responsável pela impressão do primeiro folheto no Brasil, Relação da Entrada: o
mesmo teve, como punição, sua tipografia confiscada e foi obrigado a retornar
para Portugal.
O
reconhecimento da obra
A lei 9.831 foi um projeto de autoria do
deputado Nelson Marquezan, do PSDB gaúcho. Anterior a esta lei, comemorava-se,
desde o Estado Novo (1937-1945) criado por Getúlio Vargas (1882-1954), o dia 10
de setembro, data do surgimento do jornal Gazeta do Rio de Janeiro, criado, em
1808, após a chegada do príncipe regente dom João e a Corte Portuguesa no
Brasil. Esse periódico, dirigido por Frei
Tibúrcio da Rocha, era órgão oficial do governo português e
proibia a livre expressão dos brasileiros, divulgando apenas notícias de
interesse do império lusitano. O caráter de nacionalidade e a preocupação com
os problemas do Brasil garantem ao Correio
Braziliense, embora editado em Londres, a posição legítima
de ser o primeiro jornal brasileiro impresso sem censura e independente.
O Correio Braziliense
somou,
durante o período em que circulou, 175 edições de 80 a 140 páginas cada volume,
constituindo-se, de acordo com Raul Quevedo (1926-2009), em seu livro Em Nome da Liberdade
/
A saga de
Hipólito da Costa, editado em 1997 pela UFPEL, em verdadeira
enciclopédia, na qual seu diretor, redator e revisor registrou, em português,
os fatos mais importantes no aspecto sociopolítico, cultural e econômico que
ocorreram naquele período da história das Américas e da Europa.
Correio Braziliense 1808 Leia o início do artigo |
No Brasil, circulou clandestino, durante
um período, devido a seu conteúdo, que foi considerado subversivo pela Censura
Régia de Portugal. O mensário de Hipólito José da Costa tinha como subtítulo
Armazém Literário graças à riqueza e variedade de informações que trazia aos
leitores. As ideias liberais do seu fundador, propagadas no Correio Braziliense,
influenciaram a elite política, que foi responsável, em 1822, pela
independência do Brasil.
Após longa e persistente luta de
associações jornalísticas, intelectuais e profissionais ligados à área,
liderados pela Associação Riograndense de Imprensa (ARI), mudou-se a data
comemorativa do surgimento da Imprensa no Brasil para o dia “1º de junho”,
prevalecendo o argumento do caráter de nacionalidade do Correio Braziliense,
mesmo sendo editado fora do Brasil. O Rio Grande do Sul foi vanguarda nessa
luta, desde os anos 70, visando ao reconhecimento de Hipólito José da Costa e
sua obra.
Nessa trajetória foi fundamental o empenho
do historiador pelotense Claudio Moreira Bento (1931 - 2012) e do ilustre
jornalista Raul Quevedo (1926-2009). A
presença da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), sob a liderança àquela
época do saudoso professor, jornalista e político Alberto André (1915-2001), o
apoio incondicional da Loja
Maçônica Província de São Pedro e da Fundação Assis
Chateaubriand foram decisivos durante
este processo.
Homenagens
no Rio Grande do Sul
Ocorreram no Rio Grande do Sul vários eventos,
invocando o “bicentenário de nascimento” (1974) e o “sesquicentenário de morte”
(1973) do patrono da imprensa no Brasil. Importante registrar que, nesse
período, o historiador e arquiteto Francisco Riopardense de Macedo (1921-2007)
venceu o concurso da melhor monografia sobre a vida do patrono da imprensa
brasileira: Hipólito da Costa e o Universo da Liberdade.
Fachada do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa - Musecom em Porto Alegre - RS |
Na
inauguração de Brasília, Hipólito da Costa é lembrado
Assis Chateaubriand (1892-1968), um dos
grandes nomes da comunicação no Brasil, considerava Hipólito José da Costa uma
referência cultural, um verdadeiro exemplo de cidadão cosmopolita. Em homenagem
ao mesmo, reeditou em Brasília, em 21/04/1960, data inaugural da nova capital,
o Correio
Braziliense, mantendo a grafia com “Z” como na época
em que foi fundado, em Londres, na Inglaterra. A tradição oral registra que
Assis Chateaubriand teria feito a seguinte aposta com Juscelino Kubitschek:
caso a nova capital, Brasília, fosse inaugurada no prazo previsto, ele
reeditaria o Correio
Braziliense.
Após a permissão dos descendentes de
Hipólito José da Costa, que viviam na Inglaterra, Chateaubriand cumpriu sua
promessa, reeditando o jornal que circula até os dias atuais. A admiração do
criador dos Diários e Emissoras Associados, Assis Chateaubriand, era tão
intensa que, em 1942, prestou uma homenagem a Hipólito da Costa, batizando um avião,
em São Paulo, com o nome do mesmo. O patrono da imprensa no Brasil já havia
proposto a mudança da capital para o interior do Brasil em seu mensário. Essa
ideia se realizou, mais tarde, com a inauguração de Brasília em 21/04/1960.
O
pioneiro a criticar a escravidão
No Correio Braziliense, Hipólito José da
Costa pregou de forma pioneira a abolição gradual dos escravos e a implantação
de mão de obra imigrante, em um período de comércio intenso de escravizados. O
lucro financeiro, que esta atividade propiciava aos comerciantes desse nefando
mercado, era grande. Hipólito José da Costa iniciou suas críticas à escravidão
antes da Inglaterra, líder da Revolução Industrial, por interesse próprio,
proibir o trafico negreiro (1831), realizado pelas embarcações conhecidas como
tumbeiros. Nestas, muitas vezes, mais da metade dos escravizados transportados,
como mercadorias a serem vendidas, morria antes de desembarcar no seu destino e
seus corpos eram jogados no mar (Grande Calunga).
Hipólito José da Costa considerava a
escravidão um ato desumano e bárbaro. Esse posicionamento, em relação à
escravidão, encontra-se registrado, no seu jornal, a partir de março 1814, anos
antes da abolição dos escravos ocorrer no Brasil. O dia 13 de maio, que marcou
oficialmente, em 1888, o final da escravidão, em nosso país, ocorreu sem um
projeto de inclusão social para uma grande parcela da população. Diante de seu
despreparo, o negro foi jogado à miséria e à invisibilidade social, reforçada
por uma historiografia oficial que, durante muito tempo, a partir da visão das
elites, soterrou nos porões da memória nacional a dívida histórica com a
população afrodescendente deste país. Em seu Correio Braziliense,
em março de 1814, Hipólito José da Costa comenta sobre a escravidão:
Correio Braziliense 1817 |
“Os melhoramentos do nosso século produzirão uma
gradual e prudente reforma neste ramo que, marcando os progressos de nossa
civilização serviria de grande honra aos legisladores, que se ocupassem desta
matéria.”
O patrono da nossa imprensa considerou
estranho que, no Brasil, após sua independência (1822), os escritores
permanecessem em silêncio quanto à permanência do sistema escravocrata. Nas
páginas do primeiro jornal brasileiro, o Correio Braziliense, editado por ele,
em novembro de 1822, fez a seguinte crítica:
“É ideia contraditória querer uma nação livre, e se
o consegue ser, blazonar, em toda a parte e em todos os tempos, de uma
liberdade, mantendo dentro de si a escravidão, isto é, o idêntico costume
oposto a liberdade. Os brasileiros, portanto, devem escolher entre essas duas
alternativas: ou eles nunca hão de ser um povo livre, ou hão de resolver-se a
não ter consigo a escravidão.”
Em 1823, nosso imperador dissolveu nossa
primeira Assembleia Constituinte. Sua atitude despótica e centralizadora
repercutiu em crise e descontentamento em segmentos sociais que esperavam uma
maior participação política nas decisões que envolvessem interesses da nação. O
imperador do Brasil centralizou o poder, quando outorgou a nossa primeira Constituição
em 1824. O Poder Moderador, representado pelo próprio imperador, assegurava-lhe
a “última palavra”. A participação política era garantida pelo voto censitário,
ou seja, votava quem tinha renda e propriedade, alijando desta forma a maioria
da população brasileira do processo político.
Hipólito José da Costa chegou a escrever
um anteprojeto para elaboração da nossa primeira Carta Magna que não foi
considerado pelo imperador do Brasil. “O patrono da imprensa no Brasil”
era
um monarquista constitucional e defendia a ideia de um único império português,
no qual o Brasil seria tratado de forma igualitária a Portugal. Quando percebeu
que seria inviável seu ideal, aderiu à causa da independência brasileira, em
junho, de 1822.
Infelizmente, a monarquia despótica que
Hipólito José da Costa condenou de forma incisiva no seu Correio Braziliense,
mesmo após nossa independência, foi exercida de forma ostensiva. As conseqüências
desse episódio, somado a outros fatores, irão resultar na abdicação do nosso
imperador, em abril de 1831, a favor de seu filho, Pedro de Alcântara, que
contava com cinco anos de idade, instituindo-se, devido a sua minoridade para
governar, o período de Regências, no Brasil, que durou até 1840, quando iniciou
o Segundo Reinado (1840-1889).
O pensamento de Hipólito José da Costa,
difundido por meio dos artigos do Correio
Braziliense, é exemplo da capacidade de discernimento
e compreensão que tinha da realidade brasileira. Com sua inteligência e bagagem
cultural, percebia o nível de atraso que se encontravam vários setores da
sociedade brasileira, devido à péssima administração pública, à corrupção e a
governantes da época.
O
início de uma grande jornada
Quando, em 1777, Portugal e Espanha
assinaram o Tratado de Santo Ildefonso, a Colônia do Sacramento, às margens do
Rio da Prata, hoje, no Uruguai, passou a pertencer à Espanha. Diante desse
fato, a família de Hipólito da Costa se mudou para a região que mais tarde deu
origem à cidade de Pelotas. O patrono da imprensa no Brasil era filho de Félix
da Costa Furtado de Mendonça, militar de Saquarema (RJ), e de Ana Josefa
Pereira que era natural da Colônia do Sacramento (Uruguai).
Hipólito José da Costa contava com 18 anos
quando partiu para Portugal para aprimorar seus estudos. Em 1798, tornou-se o
primeiro gaúcho bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra. Nesta
universidade foi considerado aluno especial pela bagagem cultural que possuía
ao chegar a Portugal. Sua educação primorosa foi ministrada pelo seu tio, Pedro
Pereira Fernandes Mesquita, alcunhado de “Padre Doutor”, que o educou desde a
infância. Ainda no ano de 1798, ele foi enviado aos Estados Unidos pelo Rodrigo
de Souza Coutinho, o Conde de Linhares, como Encarregado de Negócios de
Portugal, tendo ingressado secretamente na Maçonaria, em Filadélfia, naquele
período. Em 1800, no seu retorno a Portugal, Hipólito da Costa foi nomeado
Diretor Literário da Junta da Imprensa Régia.
Ainda, naquele ano, publicou duas obras de caráter científico: “Descripção da arvore
assucareira, e da sua utilidade e cultura!” (Lisboa) “Descripção de huma
maquina para tocar a bomba á bordo dos navios sem o trabalho de homens”
(Lisboa), resultado de suas pesquisas investigativas.
O
contato com a maçonaria e a sua prisão
As experiências que vivenciou na América
do Norte possibilitaram-lhe desenvolver um jornalismo científico. Suas
anotações, encontradas na biblioteca de Évora, em 1955, foram reunidas no livro
Diário de minha
viagem à Filadélfia (1798-1799),
cujo prefácio foi escrito por Alceu Amoroso Lima. Em 1802, viajou à Inglaterra
para comprar material tipográfico e livros, porém, sua missão secreta, como
maçom, que fora iniciado, em 12 de março de 1799, na Loja George Washington,
era efetivar a aproximação das “Lojas
Inglesas” com a “Maçonaria Portuguesa”.
Quando
retornou a Portugal, foi preso pelo chefe de polícia Pina Manique, sendo
entregue ao tribunal da Inquisição sob acusação de ser “pedreiro livre”
(maçom).
Depois de sofrer maus tratos, durante três
anos, realizou espetacular fuga com o auxílio da maçonaria, encontrando abrigo
e proteção na liberal Inglaterra do século 19. Na Corte britânica, contou com o
auxilio do seu amigo duque de Sussex, filho do rei Jorge III, que o apresentou
à nobre sociedade inglesa. Em junho de 1808, em Londres, na tipografia do sr.
W. Lewis, na Rua Paternoster-Row, começou a circular o seu maior legado, o Correio Braziliense,
reconhecido como primeiro jornal brasileiro.
Em 1811, escreveu o livro Narrativa da
Perseguição, reeditado durante as comemorações do
bicentenário do seu nascimento. Essa obra é considerada um tratado de defesa da
maçonaria. Nesse livro, Hipólito José da Costa narra os horrores que sofreu
durante sua prisão, onde o motivo da acusação foi o fato de pertencer à maçonaria.
Ainda, em 1811, Portugal, representado pelo conde de Funchal – inimigo feroz de
Hipólito da Costa – subvencionou, em Londres, o jornal O Investigador Português
(1811-1819) numa tentativa desesperada de neutralizar as críticas e denúncias
que Hipólito da Costa registrava ,no seu mensário, acerca da administração e da
política do governo português.
Em 07/071817, Hipólito José da Costa se
casou com Mary Ann Troughton, resultando dessa união três filhos: Augusta
Carolina, Anne Shirley e Augustus Frederick, este último nome foi em homenagem
ao seu protetor e amigo o duque de Sussex. Também foi pai de um menino, cuja
mãe era filha de seu amigo, sr. Lewis, dono da tipografia na qual iniciou a
impressão do Correio
Braziliense. A jovem mãe veio a falecer solteira, e
Hipólito da Costa assumiu a paternidade do menino. Devido a esse fato, alguns o
acusam de ter um filho bastardo, mas essa informação não é verídica.
O patrono da imprensa brasileira foi maçom
destacado, chegando à posição de Grão-Mestre
Provincial do Condado de Rutland, na Inglaterra. Depois de
elevado ao Grau 33, foi encarregado, por patente de 13 de outubro de 1819, do
Supremo Conselho de França, junto com outros Grão-Mestres ingleses, para fundar
O Supremo Conselho para a Inglaterra, Irlanda e Domínios, tornando-se seu
primeiro secretário. Em 02/12/1819, foi proclamado membro honorário do Supremo
Conselho da França.
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