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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

ENTENDENDO O HINO DA MAÇONARIA



Texto de  Kennyo Ismail elaborado em 7 de fevereiro de 2012  

Da luz que de si difunde
Sagrada Filosofia
Surgiu no mundo assombrado
A pura Maçonaria

   A Idade Média é considerada a “idade das trevas”, os “mil anos de escuridão”, pois a Igreja Católica impedia a evolução da ciência e controlava a educação, promovendo a submissão da razão em nome da fé. Após o fim da Idade Média, tem-se a Idade Moderna, na qual surgiram o Iluminismo e a Maçonaria. A Maçonaria é considerada, junto de outras instituições, a responsável pela difusão do ideal de livre busca da verdade.

Maçons, alerta!
Tendes firmeza      Refrão
Vingais direitos 
Da natureza    

   Os “direitos da natureza” são os direitos naturais, defendidos pelos jusnaturalistas. Trata-se dos direitos considerados próprios do ser humano, independente de época e lugar. Entre esses direitos, destacam-se os direitos a vida, a liberdade, a resistência à opressão, e a busca da felicidade. Esses direitos foram, em outras épocas, tomados do homem através da tirania e do fanatismo. E cada maçom deve defendê-los.

Da razão parto sublime
Sacros cultos merecia
Altos heróis adoraram
A pura Maçonaria

   A alegoria da caverna, de Platão, mostra o homem cego e acorrentado pelas amarras da ignorância, e ensina que a descoberta do mundo deve se dar de forma gradativa. O homem ao sair da caverna sofre como um recém-nascido quando do parto, mas ambos ganham um mundo novo. Após os anos de “mundo assombrado”, a humanidade assiste o nascimento da Maçonaria, uma Ordem cujos ritos cultuam a razão, retirando homens da caverna da ignorância e dando-lhes a luz de uma nova vida. Talvez por isso da Maçonaria ser berço de tantos heróis e libertadores.

(Refrão)

Da razão suntuoso Templo
Um grande Rei erigia
Foi então instituída
A pura Maçonaria

   O grande Rei erigindo um suntuoso Templo da razão é o Rei Salomão, tido como possuidor de toda a sabedoria. E é da construção de seu templo que alegoricamente foi instituída a Maçonaria, visto ter na lenda dessa construção o terreno fértil para a transmissão de muitos de seus ensinamentos. 

(Refrão)

Nobres inventos não morrem
Vencem do tempo a porfia
Há de séculos afrontar
A pura Maçonaria

   “Porfia” significa “disputa”. Apenas as ideias nobres vencem a disputa contra o tempo. A Maçonaria, por sua nobreza de ideais, tem sobrevivido ao passar dos séculos, ao contrário de muitas outras instituições que sucumbiram diante do tempo, sempre implacável.

(Refrão)

Humanos sacros direitos
Que calcara a tirania
Vai ufana restaurando
A pura Maçonaria

   “Calcar” significa “pisotear”, “esmagar”, enquanto que “ufana” significa “orgulhosa”, “triunfante”. Em outras palavras, a estrofe diz que: a pura Maçonaria vai triunfante restaurando os sagrados direitos humanos que foram pisoteados pela tirania.

(Refrão)

Da luz depósito augusto
Recatando a hipocrisia
Guarda em si com o zelo santo
A pura Maçonaria

   A Maçonaria guarda em si, com o devido cuidado, a luz da razão. Em seu interior, a hipocrisia vai sendo “recatada” (envergonhada), enquanto que a verdade é exaltada. A razão, duas vezes citada no hino, está diretamente ligada à verdade, esta o oposto da hipocrisia, pois não existe razão sem verdade, assim como a verdade só é encontrada com a razão.

(Refrão)

Cautelosa esconde e nega
À profana gente ímpia
Seus Mistérios majestosos
A pura Maçonaria

   A Maçonaria mantém seu caráter sigiloso e grupo seleto em proteção de seus augustos mistérios, para que aquelas pessoas ofensivas ao que é digno não possam alcançá-los.

(Refrão)

Do mundo o Grande Arquiteto
Que o mesmo mundo alumia
Propício, protege e ampara
A pura Maçonaria

   E por fim, a Maçonaria é posta como instituição sagrada, da qual o próprio Grande Arquiteto do Universo é favorável, e por isso a protege.

(Refrão)


COMENTÁRIOS FINAIS:

   Questão interessante sobre esse Hino, que recebeu o nome genérico de “Hino da Maçonaria” por não ter sido originalmente nomeado, é quanto a sua autoria. Várias fontes maçônicas o colocam como sendo letra e música de D. Pedro I. Não há documento algum que corrobore com essa teoria. Outras tantas fontes, inclusive o GOB, apontam o autor como sendo Otaviano Bastos, o que é impossível. O próprio Otaviano escreveu em sua obra “Pequena Enciclopédia Maçônica” que a música é de D. Pedro I, mas a letra é de autor desconhecido.
   Há ainda outra questão relacionada ao hino e que merece atenção. Alguns escritores que se propuseram a interpretar o hino, ao se depararem com o termo “recatando a hipocrisia”, não compreendendo seu real significado, cometeram o gravíssimo erro de modificar a letra do hino para “recatada da hipocrisia”, de forma que o hino pudesse se encaixar devidamente aos seus entendimentos, em vez do contrário. Ora, imagine modificar a letra de um hino musicado por D. Pedro I, cujo valor histórico e maçônico é incalculável, para se alcançar a interpretação desejada… é o que podemos chamar de “estupro da história”.
CONSULTAS:

GUIMARÃES, José Maurício: Dissecando o Hino da Maçonaria. Portal “Formadores de Opinião” e Portal “Samaúma”.
RIBEIRO, João Guilherme da C.: O Livro dos Dias 2012. 16a Edição. Infinity.
RUP, Rodolfo: O Hino Maçônico Brasileiro. Portal Maçônico “Samaúma”.






PARADIGMAS RENACENTISTAS E ILUMINISTAS



P 
 aradigmas são sistemas de crenças, valores e concepções compartilhados por  uma determinada comunidade. Quando falamos em paradigma renascentista estamos nos referindo ao período da História, em que a Europa sai da escuridão e ingressa na Idade Moderna. Nesse período grandes nomes e clássicos da antiguidade são restaurados e novamente reverenciados. Além disso, surgem grandes nomes e grandes ideias. Assim, temos: Galileu, Leonardo da Vinci, Giordano Bruno, Shakspeare e tanto outros. No século XVIII, a Maçonaria se torna especulativa (1717) influenciada tanto pelo paradigma hermético-renascentista como pelo iluminismo. Vários grupos e Ordens de cunho hermético vão ter grande influência na formação da moderna Maçonaria. Ritos e Mitos das antigas civilizações do Oriente Médio e do Mundo Clássico (Grécia e Roma), além de elementos doutrinários e simbólicos da cabala, da alquimia, da numerologia são incorporados pela Maçonaria Especulativa.  Além disso, não podemos esquecer a visão teológica dogmática, da época, que também tem forte influência sobre a Maçonaria nascida a partir de 1717. É a força e a influência da Igreja, principalmente da Anglicana, na Inglaterra. Daí o teísmo da maioria dos Ritos Maçônicos. Ou seja, a ideia da existência de um Deus único e que se manifesta e revela na História dos Homens.

     Já o paradigma iluminista dá uma outra tonalidade à Maçonaria nascente.

     Podemos entender o iluminismo como um movimento filosófico nascido no século XVIII e que se desenvolve particularmente na França, Alemanha e Inglaterra, cuja característica marcante é a defesa da ciência e da racionalidade, contra a fé, a superstição e o dogma religioso.

  Como no plano político o iluminismo vem defender as liberdades individuais e os direitos do cidadão contra o autoritarismo e o abuso do poder não é difícil entender as grandes revoluções que vão pouco a pouco explodindo na França e nas Américas. Assim, o iluminismo vem fornecer um arcabouço ideológico aos movimentos liberais e revolucionários que vão dar origem à Revolução Francesa, à Revolução Americana e às lutas de Independência da América Latina.

    Não foi propriamente a Maçonaria que fez essas revoluções, mas apenas pelo fato de conviver e compartilhar com as mesmas ideias e ideais iluministas é que ela, através dos seus membros, vai ter uma participação marcante em todas as lutas de libertação na Europa e nas Américas.

  Nos nossos Rituais e outros documentos maçônicos vemos claramente a influência desses dois paradigmas. No Rito Escocês Antigo e Aceito vemos tanto influência da cabala, da astrologia, do misticismo medieval, da numerologia (paradigma renascentista), como do iluminismo (vejam nossos princípios expostos na Constituição do Grande Oriente do Brasil). Já no Rito Moderno há uma prevalência maior do paradigma iluminista, com acentuado tom racionalista, ou seja, a ideia de que o homem pode se emancipar através da razão e do saber. Entretanto, alguns Irmãos e escritores maçônicos tomam partido de um ou outro paradigma como se o seu paradigma fosse o único, quando na realidade ambos tem forte influência na Moderna Maçonaria, desde o seu início no século XVIII.

  É importante entendermos que nenhum Rito é totalmente hermético ou místico e nenhum Rito é totalmente racionalista. O Rito Escocês Antigo e Aceito tem muito do Paradigma Iluminista e o Rito Moderno tem algo do Paradigma Hermético.

Fonte: Loja de Estudos e Pesquisas Maçônicas Sabedoria Triunfante nº 4069:

MAÇONARIA E IGREJA CATÓLICA, A ORIGEM DOS CONFLITOS

A 
 Maçonaria pode-se dizer, nasceu na Igreja Católica. Como construtores que eram os maçons passavam longo tempo a construir catedrais e mosteiros. Estes pedreiros, homens simples, ignorantes e rudes, recebiam principalmente dos dominicanos, com quem viviam em estreito relacionamento, instrução e evangelização. Além de ler e escrever aprendiam a dar graças, a caridade e os princípios morais do cristianismo. Podemos crer que, nalguns ritos, a prece na abertura dos trabalhos e o tronco da viúva, seja resultado desta convivência. Vejamos, então, como começaram os conflitos.

  A Maçonaria como instituição associativa deu os seus primeiros passos em 1356, quando um grupo de pedreiros se dirigiu ao prefeito de Londres, e solicitou o registro da Associação de Pedreiros Livres.

 Oficialmente registrada e devidamente autorizada, os seus membros passaram a ter certos direitos e vantagens, tais como: Trânsito Livre, naquela época não se tinha a liberdade de viajar; Liberdade de reunião, naquele tempo era proibida, devido ao receio de conspirações e tramas contra os poderes constituídos; e a Isenção de impostos que obviamente agrada a qualquer um.

  Pouco tempo depois, em 1455, Jonhann Gutemberg inventa a impressora com símbolos móveis, e é publicada a primeira Bíblia em latim. Assim, o evangelho passa a chegar mais facilmente a todas as camadas da população. Quem lê, pensa mais e sabe mais. A história começava a mudar.

  Em 1509 subiu ao trono da Inglaterra o rei Henrique VIII que, logo de seguida, se casa com Catarina de Aragão. Porém, mais tarde, apaixonado por Ana Bolena, contraria-se ao não obter do Papa o divórcio para casar com a sua amante. Após insistentes tentativas, revolta-se e simplesmente não reconhece a autoridade do Papa, fundando uma nova religião, a Anglicana.

  Constitui-se como único protetor e chefe supremo da Igreja e do clero de Inglaterra, acaba com o celibato dos padres e confisca os bens da Igreja.

Henrique VIII é excomungado, mas não se preocupa minimamente.

   Com a morte de Henrique VIII em 1547, o trono foi ocupado por vários reis e rainhas até á chegada, em 1558, de Elizabete I que, como Rainha da Inglaterra, solidifica a Igreja Anglicana, como está, até aos dias de hoje. Durante o seu governo, a Inglaterra torna-se uma potência mundial e, embora não fosse um súbdito católico, por tudo que ela fez contra o catolicismo em geral, o Papa Pio V excomungou-a em 25 de fevereiro de 1570. Até aqui, a Maçonaria continuava operativa. Não incomodava e nem era incomodada.

   Em 1600, um fato aparentemente sem importância iria mudar os rumos da Maçonaria. É aceite o primeiro maçom especulativo, de que se tem noticia Lord Jonh Boswel, um agricultor (plantava batatas). Foi o primeiro a ver vantagens em pertencer á Associação dos Pedreiros Livres.

   Em 1646 é aceite outro especulativo, Elias Ashmole. A importância deste fato é que Ashmole era um intelectual, alquimista e rosacruz. Alguns autores atribuem-lhe a confecção dos Rituais do 1°, 2° e 3°grau, graças aos seus conhecimentos de Rosacruz. As lojas proliferavam. Eram mistas ou só de especulativos.

   Em 24 de junho de 1717 é fundada a Grande Loja de Londres e a partir daí a Maçonaria começou a expandir-se e a ser exportada para países vizinhos: Holanda em 1731; França e Florença em 1732; Milão e Genebra em 1736 e Alemanha em 1737.
  Esta estranha sociedade secreta, que guarda segredo absoluto de tudo o que faz constituída de nobres e aristocratas, começou a inquietar os poderes dominantes de cada país. O medo das tramas e subversões para derrubar o poder foi mais forte, e começaram as proibições.

Papa Clemente XII
  Sem saber o que acontecia nas reuniões, sempre secretas, criou-se um alvoroço, e muitos governantes pediam providências ou soluções ao Papa. As alegações eram de que a sociedade admitia pessoas de todas as religiões; que era exigido aos seus membros segredo absoluto, sob severas penas, e que prestava obediência a um poder central de Londres. O que fazer?

  Com o Papa Clemente XII doente, constantemente acamado, totalmente cego há seis anos, rodeado de pessoas que lhe filtravam as informações e ainda sob a pressão dos governantes que exigiam providências e, também, dos inquisidores que exerciam a sua influência, o Papa assinou em 28 de abril de 1738 a Bula In Eminenti, selando assim o destino dos maçons católicos em especial, e da maçonaria em geral.
  Esta Bula excomungava todos os maçons e afirmava que era bom exterminar essas reuniões clandestinas, pois, poderiam atuar contra o governo.

 Com a divulgação e publicação da Bula nos países católicos, foram-se desencadeando as proibições. Em França, o parlamento não a aprovou e por isso não foi promulgada. Sendo assim, em França, oficialmente, a Bula não entrou em vigor.

  Nos Estados Pontifícios (Itália desunificada), cuja constituição administrativa era católica, todo o delito eclesiástico era castigado como delito político, e vice-versa. Infringir a religião era infringir a lei. Deu-se então uma verdadeira caçada á maçonaria e aos seus membros.

  A inquisição, encarregada de executar as ordens papais torturou, matou e queimou inúmeros maçons e, logicamente, pessoas inocentes que eram confundidas com maçons.

  Em 1800 foi eleito Pio VII, e durante o seu papado, surge Napoleão Bonaparte. Entre outros feitos, provocou a fuga da coroa portuguesa para o Brasil em 1808 e conquistou Roma, proclamando o fim do poder temporal do Papa mantendo-o preso no castelo de Fontainebleau.

   Pio VII só recuperou parte de suas possessões, com a queda de Napoleão em 1815.

 Nesta época, porém, o mundo já não era mais o mesmo. Os ideais de libertação afloravam e iniciaram-se diversos movimentos pelo mundo, praticamente todos liderados por maçons, que conseguem a independên1769 cia dos seus países.Estados Unidos, 1783; França, 1789; Chile, 1812; Colômbia, 1821; Peru, Argentina e Brasil, 1822. 
   A maçonaria deixou então de ser simplesmente inconveniente e passou a ter mais ação, concreta e objetiva, e com isso recebia condenações mais veementes da Igreja.

   Neste momento façamos uma pequena paragem. A maçonaria até aqui havia sido sempre condenada e perseguida por terceiros motivos. Até esse momento a Igreja Católica nunca tinha sido atingida diretamente pela influência maçônica. O fato que realmente condenou a maçonaria pela Igreja Católica aconteceu no processo da reunificação da Itália. O trauma desse episódio não é esquecido até hoje por alguns setores da Igreja.

   A Itália, nesta época, era uma "Manta de Retalhos", constituída por vários estados entre os quais os Estados Pontifícios, que correspondiam a aproximadamente 13,6% do total da Itália, ou seja, eram 41.000 Km², que pertenciam ao clero e localizavam-se na região central. A população dos Estados Pontifícios não tinha acesso a nenhum cargo público, que era explorado pelo clero. Todos os funcionários públicos usavam o hábito.

   O inconformismo e os movimentos de libertação começam em 1767, sendo os jesuítas expulsos de Nápoles.

Em 1797 é fundada a Carbonária, seita de caráter político independente da maçonaria, que tinha como objetivo principal a Unificação da Itália. Pio VII em 1821, lança a Bula Eccles iam A Jesu Christi condenando a atividade dos carbonários. A Carbonária tornou-se perigosa e prejudicial à maçonaria, pois era confundida com esta. Os Carbonários tinham os seus aprendizes, mestres, grão-mestres, oradores, secretários, sinais, toques, palavras, juramentos e, é claro, segredos.

   Os principais líderes Carbonários: Cavour, Mazzini e Garibaldi eram maçons, por isso, a Carbonária era muito confundida com a maçonaria, porém, diferenciavam-se pela origem, finalidade e atividades. Os carbonários matavam se fosse preciso. Nos Estados Pontifícios explodiram grandes desordens. A insatisfação contra o clero, que não permitiam que os leigos ocupassem cargos administrativos, era grande.

Em 1848 o Papa Pio IX é obrigado a refugiar-se em Nápoles, devido á revolução, e lança após alguns meses a encíclica Quibus Quantisque, responsabilizando a Maçonaria pela usurpação dos Estados Pontifícios.

   Em 1849 é proclamada por uma Assembleia a República em Roma. Nesse momento, Pio IX lançou cerca de 226 condenações contra a maçonaria. Ele e o seu sucessor, Leão XIII, lançaram cerca de 600 documentos de condenações. Em 14 de maio de 1861, Vítor Manoel é proclamado Rei da Itália Unificada.

   Como se vê, a Maçonaria estava condenada. Motivo? A Unificação da Itália... Ideal Carbonário.

   Em 27 de maio de 1917 é promulgado por Bento XV, o primeiro Código de Direito Canônico, também chamado de Pio Beneditino onde se refere à Maçonaria da seguinte forma, no seu Cânon 2335:


"... Os que dão o seu próprio nome à seita maçônica ou a outras associações do mesmo gênero, que maquinam contra a Igreja ou contra os legítimos poderes civis, incorrem Ipso Facto, na excomunhão simplificter reservada à Sé Apostólica."... E mais, recomendava noutros Cânones o seguinte: “   Que as católicas não se casassem com maçons; que seriam privados de sepultura eclesiástica; privados da missa de exéquias; não seriam admitidos em associações de fiéis; não poderiam ser padrinhos de casamento; não fariam a confirmação do batismo (crisma); não teriam direito ao patronato” ...etc.
  Os Sacramentos proibidos são: Batismo, Eucaristia, Crisma, Penitência (confissão), Matrimonio, Ordenação Sacerdotal e a Unção dos Enfermos. Para atender os anseios dos irmãos católicos, a Maçonaria criou o Ritual de adoção de Loutons, de apadrinhamento, Ritual de Pompas Fúnebres e o Ritual de confirmação de casamento.

   Em 11 de fevereiro de 1929 foi criado o Estado do Vaticano pela assinatura do Tratado de Latrão, onde o poder Papal ficava restrito ao Vaticano com 44.000 m2 (anteriormente tinha 41.000 km2) e Pio XI reconhecia a posse política de Roma e dos Estados Pontifícios e afirmava a sua permanente neutralidade política e diplomática, etc. Com o Tratado de Latrão assinado, encerra-se o processo da Unificação da Itália. O ideal Carbonário fora conseguido e a Carbonária desaparece logo após a Unificação da Itália.

Enfim, ficou o estigma da condenação. Em 27 de novembro de 1983, já sob a autoridade do Papa João Paulo II, foi publicado um novo Código de Direito Canônico, que entrou imediatamente em vigor, reduzindo para 1752 os 2414 Cânons do antigo código. O Código mais importante, referente á Franco-Maçonaria, é o 1374: "Aquele que se afilia a uma Associação que conspira contra a Igreja, deve ser punido com justa penalidade; e aqueles que promovem e dirigem estes tipos de Associações, entretanto, devem ser punidos com interdição". Com isto, a maçonaria está legalmente e literalmente livre do estigma.

   Entretanto, no mesmo dia, foi publicada uma Nota no jornal oficial do Vaticano, a Declaração da Congregação para a Doutrina da Fé, que dizia: "...Permanece imutável o juízo negativo da Igreja perante as Associações Maçônicas, porque os seus princípios sempre foram considerados inconciliáveis com a Doutrina da Igreja, e por isso, a inscrição continua proibida. Os fiéis que pertencem às Associações Maçônicas estão em estado de PECADO GRAVE e não podem receber a SANTA COMUNHÃO... Não compete às autoridades eclesiásticas locais, pronunciarem-se sobre a natureza das Associações Maçônicas com um juízo que implica na revogação do que é estabelecida"...

  A publicação da Declaração foi mais uma acomodação política aos minoritários insatisfeitos, e pode-se dizer a contragosto do Papa. Afinal, ela afrontava uma decisão já tomada e aprovada, logicamente pela maioria de toda a Congregação reunida com a finalidade específica de renovação do Código.

   Enfim, com a publicação no novo Código do Direito Canônico, e também da declaração da Congregação para a      Doutrina da Fé, o que mudou na relação entre a Maçonaria e a Igreja Católica? Mudou muito pouco em relação ao que se esperava, mas esse "muito pouco" é alguma coisa para quem não tinha nada. É uma esperança.

  Paciência e esperança, essas são as palavras. A pacificação total virá com certeza, mas não se pode ter pressa. Já foi um enorme passo a publicação do novo Código de Direito Canônico. Na medida em que, paulatinamente, as luzes se forem acendendo no entendimento de cada autoridade eclesiástica, certamente novos horizontes surgirão.

   Vimos, pela própria aprovação do Código do Direito Canônico, que a maioria do clero quer a pacificação, senão ele jamais seria aprovado, e é isto que deve acalentar as esperanças dos católicos, e até lhes dar confiança diante das vicissitudes. Se o progresso é lento para a pacificação total, por outro lado, não há nada que justifique um retrocesso no futuro.

Pelo Ir.'. Roberto Rocha Verdini – Consulta à G.'.L.'.M.'. de Portugal


AS RELAÇÕES ENTRE POTÊNCIAS

As centenas de Potências Maçônicas espalhadas pelo globo terrestre têm características que as tornam diferentes umas das outras. Incluem-se aí diferenças de ordem filosófica,  ritualísticas, organizacionais, políticas, entre outras, que acabam por produzir entidades diversificadas, tais como Maçonaria constituída exclusivamente por homens, por mulheres, ou mistas, por exemplo. 
   Também influem neste contexto a posição geográfica correspondente ao país de origem dessas potências, a língua, a filosofia de vida de seus membros e outros tantos fatores. Por esta razão, as potências, depois de se estudarem mutuamente, podem se reconhecer, o que permite aos Maçons filiados às suas Lojas visitarem uns aos outros, reconhecerem a validade dos graus conferidos pela outra organização, enfim, conviverem mais intimamente, em harmonia, apesar dessas diferenças.
   Infelizmente, muitas são as Potências Maçônicas que ainda não reconhecem umas às outras, não permitindo, por conseguinte, as visitações mútuas.  A seguir, veremos alguns exemplos do que acontece no mundo, atualmente.

NA FRANÇA: A Grande Loja Nacional da França (GLNF) não reconhece a Grande Loja da França (GLDF) e nem o Grande Oriente da França (GOF). Por sua vez, a GLDF congrega 23.000 membros (dados de 1994), inscritos em 586 Lojas, que não visitam as 1456 Lojas da GLNF. Também, os 47.000 membros inscritos nas 1150 Lojas do GOF não visitam as 1456 Lojas da GLNF. Esta situação persiste há mais de um século. Isto significa que 3192 Lojas, com mais de 100.000 Maçons, não convivem harmoniosamente, somando seus esforços para o bem comum da humanidade, em geral.

NOS EUA: A Prince Hall é reconhecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI), mas não é reconhecida por oito Grandes Lojas Estaduais americanas.
   A Prince Hall, uma potência maçônica constituída exclusivamente de homens negros, possui 300.000 membros inscritos em 4500 Lojas. Estes 300.000 maçons não visitam as centenas de lojas espalhadas por onze estados americanos. Tendo em vista ao fato de que a Prince Hall é reconhecida pela GLUI, o seu não Reconhecimento se deve principalmente ao preconceito racial existente nos EUA. Esta também é uma situação que persiste há mais de um século, significando também perdas de oportunidades para os maçons americanos somarem esforços no sentido de contribuírem para bem comum e para a humanidade em geral.

PAÍSES MUÇULMANOS E BUDISTAS: Nos países de religião budista e muçulmana, onde o Livro Sagrado não é a Bíblia, há uma tendência de a GLUI não reconhecer as potências maçônicas localizadas em seu território. Se observarmos o quadro de Potências Reconhecidas, no site oficial da GLUI, veremos que ali não constam as potências maçônicas da Malásia, Arábia Saudita, Jordânia, Líbano, Indonésia, Coréia do Sul, Taiwan, entre outras.
   Com relação a estes países os prejuízos devido a falta convivência maçônica são os mesmos, porém, mais preocupantes, pois, de uma certa forma, quebra a universalidade da Maçonaria.

NO BRASIL: Praticamente todos os Grandes Orientes estaduais da COMAB que não são reconhecidos pela GLUI também não são reconhecidos pelas Grandes Lojas estaduais americanas. Mas, felizmente, as Potências maçônicas do mundo não se nivelam exclusivamente pela Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI). As Grandes Lojas dos EUA reconhecem potências que não são reconhecidas pela GLUI.  No Brasil, por exemplo, quase todas as Grandes Lojas Estaduais são reconhecidas pelas Grandes Lojas Estaduais americanas. A este respeito, ver quadro publicado em http://bessel.org/masrec/brazil.htm 
   É preciso ter em mente que Reconhecimento e Regularidade são fatores distintos.
  Uma Potência é considerada Regular quando obedece aos critérios de regularidade propostos pela Grande Loja Unida da Inglaterra, sendo os mais importantes àqueles que tratam da obrigatoriedade da Crença em um Deus Revelado, dos juramentos prestados sobre o Livro da Lei Sagrada (a Bíblia), da admissão exclusiva de membros do sexo masculino, entre outros. Quanto ao Reconhecimento, os critérios são mais complicados, dependendo, inclusive, de conveniências políticas e outros itens de interesse. Assim, por exemplo, a primeira condição para que uma potência reconheça a outra é a regularidade. Uma potência somente será reconhecida se for considerada Regular, esta é uma condição basilar. Mas nem sempre as potências regulares são reconhecidas. Por exemplo, a GLUI não reconhece o Grande Oriente de Minas Gerais (GOMG) e nem a Grande Loja Maçônica de Minas Gerais (GLMMG), apesar de ambas serem regulares. Outros itens de interesse exclusivos de cada Potência, que desconhecemos, poderão ser considerados para que o Reconhecimento seja efetivado. Um outro exemplo: em 2001, a Grande Loja de Minnesota(GLMN) reconheceu a Grande Loja da França (GLDF), apesar da forte oposição da Grande Loja Nacional da França (GLNF), que acusou a GLDF de visitar e ser visitada por membros de Lojas do Grande Oriente da França (GOF), que retiraram de sua Constituição a obrigatoriedade de se crer em um Deus Revelado como condição para que alguém possa ser admitido maçom. Para justificar sua atitude ao reconhecer a já mencionada potência francesa, a GLMN publicou uma série de perguntas e respostas sobre o assunto. Quando questionada sobre a "irregularidade" da GLDF, a GLMN respondeu: "Quem disse que a GLDF é irregular? A Grande Loja de Minnesota e muitas outras estão convencidas de que a GLDF é regular. Suas lojas têm a Bíblia sobre seus altares, exatamente como as nossas; elas começam suas reuniões com uma oração e com uma leitura da Bíblia, também exatamente como as nossas; todos os candidatos à iniciação declaram sua crença em um Ser Supremo, exatamente como fazem os nossos; elas não permitem a frequência de mulheres, exatamente como as nossas...".
  Algumas potências estaduais americanas não ficaram convencidas de que a GLDF exigia dos seus iniciandos a crença em um Deus Revelado, e reagiram fortemente, ameaçando cortar relações com a Grande Loja de Minnesota (GLMN). Até que, em 2002, rendendo-se à forte pressão, a GLMN suspendeu o Reconhecimento.
   Na medida em que as potências se estudam e se conhecem, novos Tratados de Reconhecimento vão surgindo. Em 2005, o Grande Oriente do Brasil (GOB) resolveu reconhecer a Grande Loja Maçônica de Minas Gerais (GLMMG) e o Grande Oriente de Minas Gerais (GOMG), provavelmente baseado no fato de que as já mencionadas potências são Regulares.
   Desta forma, a visitação entre Lojas de Potências diferentes seguem, na verdade, o mesmo princípio das relações humanas do mundo profano. Em nosso cotidiano, para visitarmos uns aos outros, precisamos antes de certa preparação, precisamos conhecer melhor as pessoas que queremos visitar, devemos conquistar sua confiança, e, a partir daí, iniciar uma convivência mais próxima. Este procedimento também se aplica às Potências Maçônicas.
   Às vezes ocorre de Maçons, Lojas ou Potências darem um valor excessivo à questão do Reconhecimento e Visitação. Desde a fundação da Maçonaria especulativa, desentendimentos e cisões ocorrem, diversas Potências Maçônicas resistem em reconhecer umas às outras, e, nem por isto, a maçonaria deixou de existir.
   Existem aqueles que pensam que todos os maçons do mundo deveriam pertencer a uma só potência, mas a história já provou que isso é impossível. A única alternativa para termos uma maçonaria mais unida e mais forte seria desarmarmos os espíritos e nos dispormos a reconhecer uns aos outros.



Texto de: Elias Mansur Neto—P:.M:.I da Loja Maçônica Cavaleiros Templários, Belo Horizonte, MG—Fonte: A Trolha, Nº 302 - Dezembro de 2011




terça-feira, 24 de setembro de 2013

OS SEGREDOS DO TEMPLO DE SALOMÃO, PRIMÓRDIOS DA MAÇONARIA LENDÁRIA

   A Maçonaria é uma instituição de mais de 300 anos cuja tradição filosófica se assenta sobre 3000 anos de história. Partindo dessa premissa podemos dividir sua origem em duas versões: a origem lendária (que iremos abordar neste artigo) e a origem histórica. Entendemos como origem histórica o período de 1717, amparado por farta documentação, acerca da fundação da Grande Loja de Londres. É nesse ponto que podemos afirmar categoricamente que a Maçonaria passa a existir como instituição. No entanto, essa irmandade, fruto da Idade Moderna, baseia-se em conceitos, tradições e rituais que antecedem sua existência.
  Poderíamos retroceder até 3000 anos de história para recompor essa tradição. Boa parte dela é de natureza essencialmente religiosa. É com base no cristianismo que diversas lendas ou alegorias maçônicas são tecidas. Dentre estas talvez a mais importante seja a história da construção do templo que abrigou a Arca da Aliança cujos principais personagens foram: o construtor Hiram Abiff e o próprio rei Salomão.
  O Templo de Salomão em particular ocupa uma posição de destaque dentro da simbologia maçônica, tratando–se de uma das maiores fontes de símbolos, alegorias, lendas e ensinamentos da Maçonaria. Por se tratar de uma construção com mais de 3000 anos de idade, é natural que diversas dúvidas surjam no decorrer da busca das origens maçônicas. Podemos nos perguntar: o Templo de Salomão realmente existiu? Se existiu, quais eram suas dimensões? Hiram Abiff foi um personagem real?
  Antes de tudo, é preciso lembrar que não há qualquer registro extrabíblico a respeito da construção do Templo de Salomão. Dessa forma, contamos apenas com a Bíblia como documento. Partimos então de uma nova pergunta: “a Bíblia pode ser interpretada como fonte histórica?”
Para responder a essa pergunta, precisamos voltar a dezembro de 1892 quando George Smith apresentou uma notável descoberta à sociedade de arqueologia bíblica de Londres. Ele entregou a tradução de uma tábua mesopotâmica contendo o relato de um dilúvio. Talvez, o mesmo dilúvio que levou Noé a construir sua arca. Esse fato criou uma febre entre arqueólogos e historiadores que passaram a pesquisar a arqueologia bíblica como uma ciência.
  A Bíblia, em particular o antigo testamento, formam um conjunto de histórias contadas através da tradição oral. “Enquanto todas essas histórias circulavam, surgiam os primeiros sistemas de escrita do mundo. Por volta de 3.200 a.C. o povo da mesopotâmia desenvolveu a escrita cuneiforme, na qual símbolos eram prensados em placas de argila ou em entalhos na pedra”. BEITZEL, Barry J. Bíblica – o Atlas da Bíblia, p. 16.
  Concomitantemente, o Egito desenvolveu o sistema de hieróglifos. Essas duas nações desempenharam papéis fundamentais na história bíblica e forneceram importantes ícones para a tradição maçônica.
Na época de Davi e Salomão, o sistema de escrita encontrava-se mais desenvolvido. Por volta de 1011 a.C. o jovem rei Davi iniciou um período de expansão literária. Atribui-se a ele muitos dos salmos da Bíblia. Durante seu reinado foram designados escribas para redigir e manter crônicas de seu reinado. Quando Salomão assumiu o trono, além de iniciar a construção do Templo encomendou diversos Salmos para serem celebrados ali.
  Apesar das minuciosas descrições registradas na Bíblia, ainda não foi possível, contudo, ter certeza quanto ao primeiro templo de Jerusalém. A arqueologia bíblica ainda não apresentou nenhuma prova válida da existência de tal obra. Explica-se a ausência de vestígios arqueológicos à completa destruição que teria sido realizada por Nabucodonosor, ou à insuficiência de escavações no próprio sítio atribuído à localização do Templo. Esse lugar (sagrado para Judeus, Muçulmanos, Católicos e Protestantes) seria atualmente ocupado pela Mesquita de Omar, ou o Domo da Rocha, onde Abraão, obediente a Deus, quase sacrificou seu próprio filho, Isaac (Gen. 22.1-19) – onde, de modo significativo, a tradição islâmica localiza Maomé subindo ao Céu. por causa desses fatos torna-se quase impossível empreender uma busca arqueológica dos resquícios do templo de Salomão.
  Alguns historiadores referem-se ao célebre “muro das lamentações” como tendo sido parte da grande alvenaria de arrimo na esplanada do Templo. Contudo as determinações científicas de datação conferem ao muro idade próxima à década anterior ao nascimento de Cristo. Dessa forma, essa obra seria mais adequada de ser atribuída ao terceiro templo destruído pelos romanos.
  Por outro lado, não existem dúvidas quanto à existência do reinado de Salomão. Esse sábio rei foi um exímio administrador. Um de seus primeiros atos como rei foi dividir o reino em distritos administrativos enviando provisões e recursos para a corte. Através desse sistema Salomão pode empreender grandes obras arquitetônicas, entre as quais supostamente estaria incluído o Grande Templo.
  Várias melhorias feitas por Salomão foram confirmadas por arqueólogos: “o israelense Yigael Yadin descreveu os imponentes muros e portões construídos durante o período salomônico, incluindo um portão com seis câmaras e um muro com casamatas.” BEITZEL, Barry J. Bíblica – o Atlas da Bíblia, p. 242.
Podemos ainda citar “Gezer localizada aos pés das colinas centrais, perto de Selefá, que ligava a via Maris (rodovia costeira internacional) a Jerusalém e foi parcialmente destruída pelo Faraó egípcio em torno de 950 a.C., foi dada a Salomão como dote por seu casamento com a filha do Faraó”. BEITZEL, Barry J. Bíblica – o Atlas da Bíblia, p. 243.
  Além disso, a cidade de Jerusalém, escolhida como capital por Davi, cresceu em tamanho e importância política durante o reinado de Salomão. A eira da Araúna (também identificada como Monte Moriá), comprada por Davi e usada como local sagrado para oferecer sacrifícios tornou-se o local para a construção do Grande Templo.
  O “livro de Reis” que integra a Bíblia e narra a trajetória do Rei Salomão e a construção do grande Templo encontra na arqueologia confirmação histórica. Diversos locais, nomes e acontecimentos são cientificamente comprovados. Dessa forma, podemos sim afirmar que o Templo de Salomão realmente existiu. Nada contraria o fato de que toda sua forma gloriosa tenha sim sido arquitetada pelo mestre de obras Hirão-Abi (2 Cr 2.13,14).
“Solomon Before the Ark of the Covenant” Blaise-Nicolas-Le-Sueur – 1747. Musée des Beaux-Arts.
   A tradição bíblica ainda orienta importantes aspectos dos templos modernos. Devemos lembrar que segundo o livro de Reis as janelas do Templo de Salomão deviam estar acima do telhado das câmaras, eram de grades, não podendo ser abertas (1 Rs 6.4). Os objetos mais proeminentes no vestíbulo eram dois grandes pilares, Jaquim e Boaz, que Hirão formou por ordem de Salomão (1 Rs 7.15 a 22). Jaquim (‘ele sustenta’) e Boaz (‘nele há força’), apontavam para Deus, em Quem se devia firmar, como sendo a Força e o Apoio por excelência, não só o Santuário, mas também todos aqueles que ali realmente entravam.
  Essa simbologia bíblica alimenta defesas como do pesquisador maçônico Manly Hall. Para ele, a construção do Templo de Salomão não tem uma importância direta para a Maçonaria. Segundo ele, sua essência: “não é histórica nem arqueológica, mas uma linguagem simbólica divina perpetuando sob certos símbolos concretos, os sagrados mistérios dos antigos.
Apenas aqueles que veem nela um estudo cósmico, um trabalho de vida, uma inspiração divina de pensar melhor, sentir melhor e viver melhor com a intenção espiritual de iluminação como fim, e com a vida diária do verdadeiro maçom como meio, conseguiram um vislumbre dos verdadeiros mistérios dos ritos ancestrais”. HALL, Manly P. As chaves perdidas da Maçonaria, p. 36.
  É certo que, seja ela histórica ou filosófica, a origem lendária atribui à Maçonaria uma consistência incomparável frente as demais instituições modernas.

  Enviado pelo Ir.’. Igor Guedes de Carvalho - Bacharel em História pela Universidade Federal de Ouro Preto e Companheiro Maçom da Loja Vigilantes da Colina Nº 68, jurisdicionada à Grande Loja de Minas Gerais.

Fonte:
 
Bíblia Sagrada (tradução dos originais hebraico e grego feita pelos monges de Maredsous). São Paulo: Editora Ave Maria, 2001.

in: www.revistauniversomaconico.com.br/tempo-de-estudos/os-segredos-do-templo-de-salomao-primordios-da-maconaria-lendaria/