José Joaquim da Cunha de Azeredo Coutinho, nasceu a 8 de Setembro de 1742, em Campos dos Goitacazes, Capitania do Rio de Janeiro, oriundo de uma família de proprietários há muito estabelecidos no Brasil, pois os seus quatro avós já ali tinham nascido. Era o filho mais velho e cedo demonstrou a sua inteligência. Seu pai levou-o aos seis anos para o Rio, onde estudou Latim, gramática, retórica e filosofia. Aparentemente, tinha uma saúde frágil e seu pai mandou-o viajar para Minas Gerais, zona mais salubre que o Rio.
Depois da morte de seu pai, em 1768, teve de ir tomar conta da patrimônio da família, no que certamente se não sentiu realizado. Por volta de 1772, decidiu ir estudar Cânones para a Universidade de Coimbra, cujo Reitor, Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho era também brasileiro e seu parente. Ali chegou em 1775, e ficou Bacharel em 30 de Maio de 1780. Pouco depois, foi nomeado para o cargo de Arcediago (Vigário Geral) da Sé Catedral do Rio de Janeiro, de que nunca chegou a tomar posse.
Foi-lhe oferecido por D. Maria I o lugar de Deputado do Santo Ofício, lugar de prestígio, com a dispensa da licenciatura universitária, que seria normalmente exigida. Não quis tal dispensa e foi estudar mais um ano para Coimbra para obter aquele grau, o que conseguiu a 30 de Julho de 1785. De 23 de Agosto de 1785 são as declarações das testemunhas na Habilitação de gênero para o exercício do cargo de Deputado do Santo Ofício. Esta habilitação, arquivada na Torre do Tombo e transcrita por Sónia Apparecida Siqueira, é importante para conhecer os amigos de Azeredo Coutinho e os meios em que se movia. Passou a exercer o cargo de Deputado do Santo Ofício em 15 de Setembro do mesmo ano. A 26 de Junho de 1786, foi ordenado sacerdote.
Em 1791, publicou o seu primeiro texto sobre o preço do açúcar nas Memórias Económicas da Academia Real das Ciências, tomo III. No ano seguinte, foi eleito sócio da mesma Academia.
Em 12 de Setembro de 1794, foi nomeado Bispo de Pernambuco, cargo em que foi consagrado em 25 de Janeiro seguinte. Só em 20 de Novembro de 1798, é que embarcou para Pernambuco, onde chegou 36 dias, depois para ocupar o lugar de Bispo, que acumulou com os de Governador interino da Capitania de Pernambuco e de Diretor-geral dos Estudos. O exercício de tão altos cargos, com tanto poder, não podia deixar de lhe trazer dissabores.
Segundo diz Azeredo Coutinho, os seus conflitos derivavam de a supervisão da diocese estar entregue à Mesa da Consciência e Ordens onde ele tinha inimigos, em vez de depender diretamente do Padroado Real.
É longa a história dos conflitos, mas aponte-se apenas que uma Carta Real de 3 de Outubro de 1801 contém uma repreensão do Príncipe Regente que muito deve ter pesado a Azeredo Coutinho. Ele respondeu por carta de 12 de Janeiro de 1802, pedindo o julgamento dos seus atos por um Tribunal imparcial, mas de nada valeu. Por carta régia de 25 de Fevereiro de 1802, foi transferido da diocese de Olinda para a de Bragança e Miranda; a 12 de Julho seguinte, embarcou para Lisboa. À “sua” questão dedicou duas publicações “Alegasão jurídica” (1804) e “Defesa de D. José Joaquim da Cunha de Azeredo Coutinho” (1808).
Entretanto, dedicou-se ele a estudar as questões econômicas sob a sua perspectiva de grande proprietário agrícola, dotado já de um certo patriotismo brasileiro, embora ainda ligado à mãe Pátria.
Em 1794, a Academia Real das Ciências publicou o seu “Ensaio económico sobre o comércio de Portugal e suas colónias”, que é a sua obra mais difundida e que teve traduções sucessivas para francês, inglês e alemão.
Escrevera depois a sua “Análise sobre a justiça do comércio do resgate dos escravos da Costa de África”, cuja publicação a Academia Real das Ciências recusara. Fez então com que fosse impressa em Londres, traduzida para Francês em 1798 (ver abaixo). A obra só foi publicada em Portugal em 1808; Na mesma data, publicou o pequeno texto, justificando-se de não ter falado na escravidão dos Índios, proibida expressamente pelas Bulas papais e pela Lei portuguesa.
Não chegou a ocupar o lugar de Bispo de Bragança e Miranda, mas foi nomeado em 6 de Outubro de 1806 para a diocese de Elvas. A certa altura ofereceram-lhe a diocese de Beja, mas recusou.
Em 1818, deram-lhe o cargo mais elevado do Antigo Regime: Inquisidor-Geral do Reino. Ficou sem função com a revolução liberal de 24 de Agosto de 1820 e a supressão da Inquisição em 31 de Março de 1821.
Ainda foi eleito deputado para a Assembleia Constituinte pelo Rio de Janeiro, e tomou posse do lugar a 10 de Setembro de 1821, mas faleceu logo no seguinte dia 12.
Azeredo Coutinho foi nitidamente um homem fora do seu tempo, com ideias muito rígidas e já inaceitáveis, sobretudo no que respeita à escravidão dos povos africanos. Azeredo Coutinho foi grau 33 da Maçonaria Brasileira.
Fonte: Extraído do site da Loja Maçônica Obreiros de Irajá
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