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terça-feira, 24 de setembro de 2013

OS SEGREDOS DO TEMPLO DE SALOMÃO, PRIMÓRDIOS DA MAÇONARIA LENDÁRIA

   A Maçonaria é uma instituição de mais de 300 anos cuja tradição filosófica se assenta sobre 3000 anos de história. Partindo dessa premissa podemos dividir sua origem em duas versões: a origem lendária (que iremos abordar neste artigo) e a origem histórica. Entendemos como origem histórica o período de 1717, amparado por farta documentação, acerca da fundação da Grande Loja de Londres. É nesse ponto que podemos afirmar categoricamente que a Maçonaria passa a existir como instituição. No entanto, essa irmandade, fruto da Idade Moderna, baseia-se em conceitos, tradições e rituais que antecedem sua existência.
  Poderíamos retroceder até 3000 anos de história para recompor essa tradição. Boa parte dela é de natureza essencialmente religiosa. É com base no cristianismo que diversas lendas ou alegorias maçônicas são tecidas. Dentre estas talvez a mais importante seja a história da construção do templo que abrigou a Arca da Aliança cujos principais personagens foram: o construtor Hiram Abiff e o próprio rei Salomão.
  O Templo de Salomão em particular ocupa uma posição de destaque dentro da simbologia maçônica, tratando–se de uma das maiores fontes de símbolos, alegorias, lendas e ensinamentos da Maçonaria. Por se tratar de uma construção com mais de 3000 anos de idade, é natural que diversas dúvidas surjam no decorrer da busca das origens maçônicas. Podemos nos perguntar: o Templo de Salomão realmente existiu? Se existiu, quais eram suas dimensões? Hiram Abiff foi um personagem real?
  Antes de tudo, é preciso lembrar que não há qualquer registro extrabíblico a respeito da construção do Templo de Salomão. Dessa forma, contamos apenas com a Bíblia como documento. Partimos então de uma nova pergunta: “a Bíblia pode ser interpretada como fonte histórica?”
Para responder a essa pergunta, precisamos voltar a dezembro de 1892 quando George Smith apresentou uma notável descoberta à sociedade de arqueologia bíblica de Londres. Ele entregou a tradução de uma tábua mesopotâmica contendo o relato de um dilúvio. Talvez, o mesmo dilúvio que levou Noé a construir sua arca. Esse fato criou uma febre entre arqueólogos e historiadores que passaram a pesquisar a arqueologia bíblica como uma ciência.
  A Bíblia, em particular o antigo testamento, formam um conjunto de histórias contadas através da tradição oral. “Enquanto todas essas histórias circulavam, surgiam os primeiros sistemas de escrita do mundo. Por volta de 3.200 a.C. o povo da mesopotâmia desenvolveu a escrita cuneiforme, na qual símbolos eram prensados em placas de argila ou em entalhos na pedra”. BEITZEL, Barry J. Bíblica – o Atlas da Bíblia, p. 16.
  Concomitantemente, o Egito desenvolveu o sistema de hieróglifos. Essas duas nações desempenharam papéis fundamentais na história bíblica e forneceram importantes ícones para a tradição maçônica.
Na época de Davi e Salomão, o sistema de escrita encontrava-se mais desenvolvido. Por volta de 1011 a.C. o jovem rei Davi iniciou um período de expansão literária. Atribui-se a ele muitos dos salmos da Bíblia. Durante seu reinado foram designados escribas para redigir e manter crônicas de seu reinado. Quando Salomão assumiu o trono, além de iniciar a construção do Templo encomendou diversos Salmos para serem celebrados ali.
  Apesar das minuciosas descrições registradas na Bíblia, ainda não foi possível, contudo, ter certeza quanto ao primeiro templo de Jerusalém. A arqueologia bíblica ainda não apresentou nenhuma prova válida da existência de tal obra. Explica-se a ausência de vestígios arqueológicos à completa destruição que teria sido realizada por Nabucodonosor, ou à insuficiência de escavações no próprio sítio atribuído à localização do Templo. Esse lugar (sagrado para Judeus, Muçulmanos, Católicos e Protestantes) seria atualmente ocupado pela Mesquita de Omar, ou o Domo da Rocha, onde Abraão, obediente a Deus, quase sacrificou seu próprio filho, Isaac (Gen. 22.1-19) – onde, de modo significativo, a tradição islâmica localiza Maomé subindo ao Céu. por causa desses fatos torna-se quase impossível empreender uma busca arqueológica dos resquícios do templo de Salomão.
  Alguns historiadores referem-se ao célebre “muro das lamentações” como tendo sido parte da grande alvenaria de arrimo na esplanada do Templo. Contudo as determinações científicas de datação conferem ao muro idade próxima à década anterior ao nascimento de Cristo. Dessa forma, essa obra seria mais adequada de ser atribuída ao terceiro templo destruído pelos romanos.
  Por outro lado, não existem dúvidas quanto à existência do reinado de Salomão. Esse sábio rei foi um exímio administrador. Um de seus primeiros atos como rei foi dividir o reino em distritos administrativos enviando provisões e recursos para a corte. Através desse sistema Salomão pode empreender grandes obras arquitetônicas, entre as quais supostamente estaria incluído o Grande Templo.
  Várias melhorias feitas por Salomão foram confirmadas por arqueólogos: “o israelense Yigael Yadin descreveu os imponentes muros e portões construídos durante o período salomônico, incluindo um portão com seis câmaras e um muro com casamatas.” BEITZEL, Barry J. Bíblica – o Atlas da Bíblia, p. 242.
Podemos ainda citar “Gezer localizada aos pés das colinas centrais, perto de Selefá, que ligava a via Maris (rodovia costeira internacional) a Jerusalém e foi parcialmente destruída pelo Faraó egípcio em torno de 950 a.C., foi dada a Salomão como dote por seu casamento com a filha do Faraó”. BEITZEL, Barry J. Bíblica – o Atlas da Bíblia, p. 243.
  Além disso, a cidade de Jerusalém, escolhida como capital por Davi, cresceu em tamanho e importância política durante o reinado de Salomão. A eira da Araúna (também identificada como Monte Moriá), comprada por Davi e usada como local sagrado para oferecer sacrifícios tornou-se o local para a construção do Grande Templo.
  O “livro de Reis” que integra a Bíblia e narra a trajetória do Rei Salomão e a construção do grande Templo encontra na arqueologia confirmação histórica. Diversos locais, nomes e acontecimentos são cientificamente comprovados. Dessa forma, podemos sim afirmar que o Templo de Salomão realmente existiu. Nada contraria o fato de que toda sua forma gloriosa tenha sim sido arquitetada pelo mestre de obras Hirão-Abi (2 Cr 2.13,14).
“Solomon Before the Ark of the Covenant” Blaise-Nicolas-Le-Sueur – 1747. Musée des Beaux-Arts.
   A tradição bíblica ainda orienta importantes aspectos dos templos modernos. Devemos lembrar que segundo o livro de Reis as janelas do Templo de Salomão deviam estar acima do telhado das câmaras, eram de grades, não podendo ser abertas (1 Rs 6.4). Os objetos mais proeminentes no vestíbulo eram dois grandes pilares, Jaquim e Boaz, que Hirão formou por ordem de Salomão (1 Rs 7.15 a 22). Jaquim (‘ele sustenta’) e Boaz (‘nele há força’), apontavam para Deus, em Quem se devia firmar, como sendo a Força e o Apoio por excelência, não só o Santuário, mas também todos aqueles que ali realmente entravam.
  Essa simbologia bíblica alimenta defesas como do pesquisador maçônico Manly Hall. Para ele, a construção do Templo de Salomão não tem uma importância direta para a Maçonaria. Segundo ele, sua essência: “não é histórica nem arqueológica, mas uma linguagem simbólica divina perpetuando sob certos símbolos concretos, os sagrados mistérios dos antigos.
Apenas aqueles que veem nela um estudo cósmico, um trabalho de vida, uma inspiração divina de pensar melhor, sentir melhor e viver melhor com a intenção espiritual de iluminação como fim, e com a vida diária do verdadeiro maçom como meio, conseguiram um vislumbre dos verdadeiros mistérios dos ritos ancestrais”. HALL, Manly P. As chaves perdidas da Maçonaria, p. 36.
  É certo que, seja ela histórica ou filosófica, a origem lendária atribui à Maçonaria uma consistência incomparável frente as demais instituições modernas.

  Enviado pelo Ir.’. Igor Guedes de Carvalho - Bacharel em História pela Universidade Federal de Ouro Preto e Companheiro Maçom da Loja Vigilantes da Colina Nº 68, jurisdicionada à Grande Loja de Minas Gerais.

Fonte:
 
Bíblia Sagrada (tradução dos originais hebraico e grego feita pelos monges de Maredsous). São Paulo: Editora Ave Maria, 2001.

in: www.revistauniversomaconico.com.br/tempo-de-estudos/os-segredos-do-templo-de-salomao-primordios-da-maconaria-lendaria/

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

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A PRIMEIRA LOJA MAÇÔNICA NO BRASIL*



Há muito tempo se discute qual teria sido a primeira Loja Maçônica instalada em nossa Pátria. Apesar das divergências e segundo os mais antigos registros, 1786 foi o ano do surgimento da Maçonaria no Brasil, com a volta do Ir.'. José Alves Maciel da Europa, formado em Coimbra onde Iniciou-se (sic), indo depois para a Inglaterra e França e lá frequentava as Lojas Maçônicas. De volta ao Brasil, traz a mensagem da Maçonaria francesa, a Maçonaria inglesa defendia o sistema monárquico parlamentar constitucional e a Maçonaria francesa o sistema republicano. Funda Lojas em Vila Rica e Tijuco com propósitos políticos, organizando a revolução emancipacionista, que se chamou Inconfidência. É possível que o articulista tenha tomado conhecimento das informações dadas por Joaquim Felício dos Santos que, sem aduzir quaisquer provas, afirmou que a Inconfidência houvera sido dirigida por Maçons. Felício dos Santos, ainda sem apontar onde buscara tal afirmativa, afirmou que Tiradentes e quase todos os conjurados eram pedreiros livres. Esta é a informação que nos é fornecida pelo historiador maçônico Frederico Guilherme Costa em "Questões Controvertidas da Arte Real", vol. 3: Ao que tudo indica, o responsável por uma extravagante ideia de uma conjuração maçônica com a consequente liderança do Maçom (sic) Tiradentes foi Joaquim Felício do Santos. Rigoroso na pesquisa do documento possuía, porém, o gosto pelo romântico, que o levou ao devaneio de suas declarações sobre a Maçonaria na obra intitulada Memórias do Distrito Diamantino, infelizmente tão copiada e repetida pelos apaixonados pela tese altamente suspeita da Maçonaria que não houve na vida do protomártir da Nação brasileira. Não faz muito tempo, ouvimos um Ir.'. de Loj.'. afirmar que a primeira Loja brasileira era o Areópago de Itambé, sem que aduzisse coisa que lhe atestasse a verdade da afirmação. Bons historiadores maçônicos, negam tal assertiva, apesar da existência de outros que confirmam a opinião do meu Ir.'. de Loj.'. Mário Name, em artigo inserto no Caderno de Pesquisas Maçônicas 11, edição da "A TROLHA", março de 1996, às páginas 18, escreve: “Todos nós sabemos que ao apagar das luzes do século XVIII, mais precisamente em 1796, o frade carmelita Arruda Câmara fundou em Pernambuco, na divisa com o Estado da Paraíba, o famoso Areópago de Itambé cuja finalidade, até hoje um pouco nebulosa, deu margem a muita especulação, especialmente entre os ufanistas escritores brasileiros”. Marcelo Linhares, no seu livro História da Maçonaria, Ed. "A TROLHA", Londrina 1992, transcreve excerto de Mário Melo, tirado da obra "Livro do Centenário Maçônico", capítulo "A Maçonaria no Brasil" e que diz o seguinte: Desprezando a tradição, podemos afirmar, baseados em documentos, que a primeira Loja Maçônica associação secreta, movida pela liturgia, com fins político-sociais, fundada no Brasil, foi o Areópago de Itambé (Pernambuco). Instalou-o o botânico Arruda Câmara, ex-frade carmelita, médico pela Faculdade de Montpellier, no último quartel do século XVIII, em 1796. Linhares não aceita o que afirma Mário Melo: Apesar das opiniões mais que abalizadas de Mário Melo e Oliveira Lima, este considerando uma sociedade secreta, política e maçônica no seu espírito, senão no Rito que lhe teria sido posterior, o Areópago de Itambé se nos parece mais uma entidade cultural, onde se podia conspirar, que propriamente um Organismo Maçônico. Entretanto, foi lá onde se abeberaram os líderes dos futuros movimentos emancipacionistas republicanos, salientando-se dentre eles Antônio Carlos Ribeiro de Andrade e Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, Cavalheiro da Ordem de Cristo e pois Barão de Suassuma. O saudoso Ir\ Marcos Santiago, no seu livro Maçonaria, História e Atualidade refere-se ao Areópago da seguinte maneira: Em 1796 foi fundado o Areópago de Itambé em Pernambuco uma sociedade política secreta, que objetivava fazer de Pernambuco uma república, e da qual faziam parte Maçons e padres da igreja católica. Frederico Guilherme Costa, em uma de suas obras, assinala: Sabemos que antes da Cavaleiros da Luz, foi o Areópago de ltambé instalado pelo botânico Arruda Câmara, ex-frade carmelita, médico pela faculdade de Montpellier em 1796. M. L. Machado (Introdução à Historia da Revolução de 1817, 2ª Ed.). Citado por Mário Melo, descreve o Areópago: Era o Areópago uma sociedade política, secreta, intencionalmente colocada na raia das províncias de Pernambuco e Paraíba, frequentada por pessoas salientes de uma e outra parte e donde saíam, como de um centro para a periferia, sem assaltos nem arruídos, as doutrinas ensinadas. Tinha por fim tornar conhecidos o estado geral da Europa, os estremecimentos e destroços dos governos absolutos, sob o influxo das idéias democráticas (Breves Ensaios sobre a História da Maçonaria Brasileira, Ed. "A TROLHA", Londrina, 1993). José Castellani, na excelente obra "Do Pó dos Arquivos", Ed. "A TROLHA", Londrina, 1995, ao fazer um estudo sobre a primeira Loja fundada no Brasil, preceitua: O Areópago, embora considerado o marco inicial das organizações maçônicas no Brasil, não era uma verdadeira Loja, tanto que o Padre João Ribeiro, que pertencera a ele, teve que ser Iniciado em Lisboa, o que, evidentemente, leva a crer que, na época, não existia Loja regular naquela região. Contudo, é bom observar que Castellani, com o peso de sua autoridade de historiador de primeira água, afirma que o Areópago é considerado o marco inicial das organizações maçônicas no Brasil. Se há os que negam tenha sido o Areópago uma Loja Maçônica, há os que afirmam o contrário. Além de Mário Melo, como já vimos antes, o Ir.'. Antônio do Carmo Ferreira, não aceita que o Areópago não tenha sido Loja. É o que se deduz ao ler um artigo de sua lavra, publicado em fevereiro de 1994, in Cadernos de Pesquisas Maçônicas 6, Ed. "A TROLHA", Londrina. Após discorrer sobre a fundação do Areópago e citar vários nomes de participantes da instituição, informa que a casa onde funcionou o Areópago, na Rua Videira de Melo (Itambé), foi derrubada na década dos anos 40 e, no seu lugar, em 1951, foi levantado um obelisco, perpetuando o fato. 
 Antônio do Carmo afirma que o Areópago de Itambé foi uma Loja Maçônica, vejamos: Em 30 de agosto de 1980, o Grande Oriente Independente de Pernambuco retomava o curso da História, ao reinstalar  o Areópago de Itambé, inaugurando uma Loja Maçônica Simbólica com aquele nome distintivo. O ato consistiu em grave responsabilidade, não somente para os Maçons daquele Oriente, mas também e sobretudo para a Potência que passou a ter em seu seio a Oficina Berço da Maçonaria Brasileira. Já alguns historiadores de renome – José Castellani, Frederico Guilherme Costa, Ricardo Mário Gonçalves, entre outros – escreveram que a primeira Loja fundada no Brasil foi a "Cavaleiros da Luz". Eles se baseiam em escrito de F. Borges de Barros, publicado no Volume XV dos Anais do Arquivo Público da Bahia, intitulado Primórdios das Sociedades Secretas da Bahia, onde se afirma que tendo aportado a Salvador a fragata francesa "La Preneuse", comandada pelo Capitão Larcher, logo se tornou alvo de visitas dos homens mais esclarecidos da terra e que dessas visitas, que se converteram em reuniões, surgiu a 14 de julho de 1797 a Loja Maçônica "Cavaleiros da Luz". O escrito de Borges de Barros é de 1928. José Castellani, em artigo publicado na Revista Acácia, nº 33, de Porto Alegre, diz das razões por que a fonte de informação era respeitável: Borges de Barros, que era Diretor do Arquivo Público da Bahia e Grão-Mestre da Grande Loja da Bahia – a primeira a ser fundada no Brasil, quando da cisão de 1927 – publicou, em 1928, no volume XV dos Anais do Arquivo, às paginas 44 e 45, a história da "Cavaleiros da Luz", informando que as reuniões preparatórias teriam sido realizadas a bordo da fragata "La Preneuse", sob liderança do comandante Larcher. A posição de Borges de Barros e sua intimidade com os arquivos tornavam fidedigna essa informação. E mesmo com contestações, não pode ser descartada a existência da "Cavaleiros da Luz", sem profundo exame da questão. Tinha-se, pois, como certo que a primeira Loja Maçônica fundada no Brasil fora a "Cavaleiros da Luz", fato que teria ocorrido na povoação da Barra aos 14 de julho de 1797. Essas observações de Castellani eram necessárias, porque surgiram sérias dúvidas sobre a veracidade das informações dadas por Borges de Barros, depois que apareceram documentos que negavam a presença da fragata "La Preneuse" em águas territoriais baianas. Quando exercíamos o Veneralato de nossa Loja "Ponto no Espaço 279" (94/95), convidamos nosso Ir.'. e historiador, professor da USP, Ricardo Mário Gonçalves para uma palestra sobre a primeira Loja Maçônica do Brasil e fomos surpreendidos ao ouvirmos daquele nosso ilustre Ir\ que a fragata "La Preneuse" jamais estivera no Brasil. O palestrante dizia que fazia tal afirmação escudado em trabalho publicado pelo historiador Luiz Henrique Dias Tavares que, por sua vez, fundamentava sua assertiva, baseado em pesquisa feita pela historiadora Kátia de Queirós Mattoso nos arquivos Nacional e da Marinha, em Paris. Além de "La Preneuse" jamais ter estado no Brasil, Larcher, quando esteve em Salvador, desembarcou do navio "Boa Viagem", em novembro de 1796, tendo embarcado de regresso à França em 2 de janeiro de 1797. E o ilustre palestrante argumentou: Se a "Cavaleiros da Luz" foi inaugurada em julho de 1797 e Larcher havia embarcado em janeiro daquele ano, como poderia aquele oficial da marinha francesa ter participado da fundação da Loja, conforme se apregoa? Por aí se vê que é necessário muito estudo, pesquisas e mais pesquisas para que, com base em fontes fidedignas, se possa afirmar que isto ou aquilo é realmente um fato histórico digno de fé. Nós, que não somos historiadores e que dependemos das informações que eles nos fornecem, precisamos meditar e meditar fundo nas palavras do historiador maçônico Frederico Guilherme Costa, autor de "Questões Controvertidas da Arte Real", vol. 3, Ed. "A TROLHA", Londrina, 1997, que depois de fazer um estudo sobre a temática que acabamos de expor, afirma: De tudo o que foi exposto conclui-se que a verdadeira função do historiador, que tem vida curta, consiste em rever permanentemente as informações que possui e que estão sendo sempre enriquecidas com novas fontes, partam elas de pesquisas de terceiros ou da sua própria, mas sempre tendo em mira a boa forma e o bom conteúdo, jamais a ironia. A questão da nossa historiografia é uma disputa do significante, pois a escrita só cumpre o seu papel quanto mais se aproxima da palavra. Ela é sempre relativa. É da ordem do corpo e não do sentido, da cultura e não da natureza. Mas, afinal, qual a primeira Loja Maçônica Regular fundada no Brasil? Mário Name, no artigo retro citado, diz que a primeira Loja Maçônica fundada no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1800, recebeu o nome de "União", e que um ano depois, devido ao grande número de II.'. que a ela aderiram, sofreu reestruturação e passou a denominar-se "Reunião". José Castellani informa que é possível tenha existido a "União", porém como não existe documento algum que comprove a sua fundação, acredita que a primeira Loja Maçônica fundada no Brasil foi a "Reunião", em 1801, isto se ficar provado que a "Cavaleiros da Luz" não existiu. Sobre o assunto vejamos o que escreve Frederico Guilherme Costa em "Breves Ensaios sobre a História da Maçonaria Brasileira, Ed. "A TROLHA", Londrina, 1993, após ter discorrido sobre o Areópago e sobre a "Cavaleiros da Luz": Mas segundo o manifesto de José Bonifácio publicado em 1832, a primeira Loja Simbólica regular no Brasil foi instalada em 1801, debaixo do título de REUNIÃO, filiada ao Oriente da Ilha de França, e nomeado para seu representante o cavaleiro Laurent, que a fortuna fez aportar às formosas praias da Bahia de Niterói e que presidira a sua instalação. Na mesma página, o autor informa: Em 1801 a Loja "Reunião" é regulamentada instalada sob o reconhecimento do Oriente da Ilha de França, seguindo-se as Lojas "Constância" e "Filantropia", subordinadas ao Grande Oriente Lusitano. Se a Cavaleiros da Luz foi a primeira Loja Maçônica no Brasil e o Areópago o primeiro núcleo secreto revolucionário, a Loja "Reunião", à luz dos documentos, respeitadas as leis e tradições maçônicas foi a PRIMEIRA LOJA MAÇÔNICA REGULAR NO BRASIL. Mário Verçosa, past Grão-Mestre da Grande Loja do Estado do Amazonas, relaciona as 16 primeiras Lojas do Brasil, como vem exposto por Marcelo Linhares, na obra citada: 1. "Cavaleiros da Luz", em Salvador, BA 1797 2. "Reunião", no Rio de Janeiro, RJ 1801 3. "Virtude e Razão", em Salvador, BA 1802 4. "Constância", no Rio de Janeiro, RJ 1803 5. "Filantropia", no Rio de Janeiro, RJ 1803 6. "Emancipação", no Rio de Janeiro, RJ 1803 7. "Beneficência", no Rio de Janeiro, RJ 1803 8. "Distintiva", em Niterói, RJ 1812 9. "Comércio e Artes", no Rio de Janeiro, RJ 1815 10. "Pernambuco Oriente", em Recife, PE 1817 11. "Pernambuco Ocidente", em Recife, PE 1817 12. "Revolução Pernambucana", em Recife, PE 1817 13. "União e Tranquilidade", no Rio de Janeiro, RJ 1817 14. "Esperança de Niterói", em Niterói, RJ 1821 15. "Conciliação de Pernambuco", em Recife, PE 1822 16. "Nove de Janeiro", no Rio de Janeiro, RJ 1822.


* Leia o Texto original do Ir.'. Raimundo Rodrigues  em  http://dcr51.blogspot.com.br/2008/05/primeira-loja-manica-no-brasil-irmo.html










quarta-feira, 18 de setembro de 2013

SAIBA O QUE É A MAÇONARIA

   A Maçonaria é uma sociedade discreta, na qual homens livres e de bons costumes, denominando-se mutuamente de irmãos, cultuam a Liberdade, a Fraternidade e a Igualdade entre os homens. Seus princípios são a Tolerância, a Filantropia e a Justiça. Seu caráter secreto deveu-se a perseguições, a intolerância e a falta de liberdade demonstrada pelos regimes reinantes da época. Hoje, com os ventos democráticos, os Maçons preferem manter-se dentro de uma discreta situação, espalhando-se por todos os países do mundo.
Sendo uma sociedade iniciática, seus membros são aceitos por convite expresso e integrados à irmandade universal, por uma cerimônia denominada iniciação.
Esta forma de ingresso repete-se, através dos séculos, inalterada e possui um belíssimo conteúdo, que obriga o iniciando a meditar profundamente sobre os princípios filosóficos que sempre inquietaram a humanidade.
O neófito ingressa na Ordem com o grau de Aprendiz. Ao receber instruções e ensinamentos, galga ao grau de Companheiro e após período de estudos chega ao grau máximo do Simbolismo, ou seja o Grau de Mestre Maçom.
Os Maçons reúnem-se em um local ao qual denominam de Loja, e dentro dela praticam seus rituais. Estes são dirigidos por um Mestre Maçom experimentado, conhecido por Venerável Mestre. Suas cerimônias são sempre realizadas em honra e homenagem a Deus, ao qual denominam de Grande Arquiteto Do Universo, (G.'. A.'. D.'. U.'.).
Seus ensinamentos são transmitidos através de símbolos dando assim um conhecimento hermenêutico profundo e adequado ao nível intelectual de cada indivíduo.
Os símbolos são retirados das primeiras organizações Maçônicas, dos antigos mestres construtores de catedrais. "Maçom" em francês significa pedreiro. Devido a este fato encontramos réguas, compassos, esquadros, prumos, cinzéis e outros artefatos de uso da Arte Real, ou seja, instrumentos usados pelos mestres construtores de catedrais e castelos, que são utilizados para transmitir ensinamentos.

   Por possuir um conhecimento eclético, a Maçonaria busca nas mais diversas vertentes suas verdades e experiências, dando um caráter universal a sua doutrina.
A Maçonaria não é uma religião, pois o objetivo fundamental de toda sociedade religiosa é o culto a divindade.
Cada Loja possui independência em relação as outras Lojas da jurisdição, mas estão ligadas a uma Grande Loja ou Grande Oriente, sendo estes soberanos. Cada Grande Loja ou Grande Oriente denomina-se de "potência". Esta é uma divisão puramente administrativa, pois as regras, normas, e leis máximas, denominadas "Landmarks" são comuns a todos os Maçons.
Um dos Landmark básicos da Ordem é que o homem para ser aceito deve acreditar em um princípio criador independente de sua religião.
Seus integrantes professam as mais diversas religiões. Como no Brasil a grande maioria dos brasileiros são cristãos, adota-se a Bíblia como livro da lei. Em outra nação, o livro que ocupa o lugar de destaque no Templo, poderá ser o Alcorão, o Torá, o livro de Maomé, os Vedas, etc, de acordo com a religião de seus membros.
No preâmbulo da primeira Constituição editada pela Grande Loja ficam registrados de forma clara os princípios em que se baseia a Ordem:
  • A Maçonaria proclama, como sempre proclamou desde sua origem, a existência de um Princípio Criador, sob a denominação de Grande Arquiteto do Universo;
  • A Maçonaria não impõe nenhum limite a livre investigação da Verdade e é para garantir a todos essa liberdade que ela de todos exige tolerância;
  • A Maçonaria é, portanto, acessível aos homens de todas as raças e de todas as crenças religiosas e políticas;
  • A Maçonaria proíbe em suas Oficinas toda discussão sobre matéria partidária, política ou religiosa, recebe os homens qualquer que sejam as suas opiniões políticas ou religiosas, humildes, embora, mas livres e de bons costumes;
  • A Maçonaria tem por fim combater a ignorância em todas as suas manifestações;
    É uma escola mutua que impõe este programa: obedecer as leis do País, viver segundo os ditames da honra, praticar a justiça, amar o próximo, trabalhar incessantemente pela felicidade do gênero humano e para conseguir a sua emancipação progressiva e pacífica."  


       Maçons famosos fundaram diversas entidades que prestam serviços a humanidade, vejamos alguns exemplos: Os escoteiros por Robert Baden Powell, os Clubes de Rotary por Paul Harris, os Clubes de Lions por Melvin Jones, os grupos de jovens DeMolays por Frank Sherman Land.
   A independência do Brasil foi decretada e solicitada a Dom Pedro I em uma sessão Maçônica realizada em 20 de agosto de 1822. Este dia é dedicado ao Maçom brasileiro.
O Marechal Deodoro da Fonseca, iniciado na Loja "Rocha Negra" de São Gabriel, Rio Grande do Sul, proclama a república em 15 de novembro de 1889. 

CONHEÇA ALGUNS MAÇONS FAMOSOS DO BRASIL:


Ademar de Barros  -  médico e político ( Governador de Estado )
Altino Arantes  -  político ( Presidente de Estado )
Afonso Celso ( Visconde de Ouro Preto )  -  estadista
Albuquerque Lins  -  político (presidente de Estado)
Alcindo Guanabara  - político e jornalista
Alvarenga  -  cantor popular (em dupla com Ranchinho)
Amadeu Amaral  -  escritor
Américo Brasiliense  -  republicano histórico (Presidente de Estado)
Américo de Campos  -  diplomata e jornalista
Antonio Bento  -  abolicionista
Antonio Carlos Ribeiro de Andrada  -  diplomata e jornalista
Antonio Carlos Ribeiro de Andrada III - político (Presidente de Estado)
Aristides Lobo  -  republicano histórico
Arrelia  -  artista circense
Arruda Câmara  -  naturalista e frade carmelita
Azeredo Coutinho  -  bispo, precursor da independência

Barão do Rio Branco  -  historiador e diplomata
Barão de Itamaracá  -  médico, poeta e diplomata
Barão de Jaceguai  -  almirante, escritor e diplomata
Barão de Ramalho  -  abolicionista e republicano
Barão do Triunfo  -  militar
Basílio da Gama  -  político
Benedito Tolosa  -  médico e professor
Benjamin Constant  -  militar, professor e político ( "o pai da República" )
Benjamin Sodré  -  almirante e político
Bento Gonçalves  -  líder da revolução farroupilha
Bernardino de Campos  -  republicano histórico ( Presidente de Estado )
Bob Nelson  -  cantor popular

Caldas Júnior  -  jornalista
Campos Salles  -  presidente da República
Carequinha  -  artista circense ( em parceria com Fred )
Carlos de Campos  -  político ( Presidente de Estado )
Carlos Gomes  -  maestro, compositor
Cesário Mota Junior  -  médico, historiador e político
Cipriano Barata  -  prócer da independência
Clemente Falcão  -  advogado ilustre, lente da Faculdade de Direito
Conde de Lages  -  político
Cônego Januário da Cunha Barbosa  -  prócer da Independência
Conselheiro Brotero  -  político do II Império
Conselheiro Crispiniano  -  político do II Império

David Canabarro  -  um dos líderes da Revolução Farroupilha
Delfim Moreira  -  político, presidente da República
Deodoro da Fonseca  -  militar, proclamador da República
Divaldo Suruagy  -  historiador e político ( Governador de Estado )
Domingos de Morais  -  político
Domingos José Martins  -  líder da Revolução Pernambucana de 1817
Duque de Caxias  -  militar, patrono do Exército Brasileiro

Eduardo Wandenkolk  -  militar e político
Eleazar de Carvalho  -  maestro
Esmeraldo Tarquínio  -  político
Esperidião Amin  -  político ( Governador de Estado )
Euzébio de Queiroz  -  político do 2o. Império
Evaristo da Veiga  -  jornalista e político
Evaristo de Moraes  -  pioneiro da legislação social no Brasil
Everardo Dias  -  político e líder das primeiras lutas operárias

Fernando Prestes  -  político ( Presidente de Estado )
Francisco Glicério  -  republicano histórico
Frei Caneca  -  patriota e revolucionário
Frei Francisco de Sta. Tereza de Jesus Sampaio (prócer da Independência)

Gioia Júnior  -  poeta, político
Golbery do Couto e Silva  -  militar e ministro de Estado
Gomes Cardim  -  jornalista e político
Gomes Carneiro  -  militar
Guilherme Ellis  -  médico

Hermes da Fonseca  -  presidente da República
Hipólito da Costa  -  " O patriarca da Imprensa Brasileira "

Ibrahim Nobre  -  tribuno da Revolução Constitucionalista de 1932
Inocêncio Serzedelo Correa  -  militar e político

Jânio da SIlva Quadros  -  presidente da República
João Caetano  -  ator teatral
João Mendes  -  jornalista, político e grande advogado
João Tibiriçá Piratininga  -  político, propagandista da República
Joaquim Gonçalves Ledo  -  prócer da Independência
Joaquim Nabuco  -  escritor, diplomata e líder abolicionista
Jorge Tibiriçá  -  político ( Presidente de Estado )
Jorge Veiga  -  cantor popular
José Bonifácio de Andrada e Silva  -  " O Patriarca da Independência"
José Castellani - Escritor , Pesquisador , Historiador  e  Médico .
José Clemente Pereira  -  prócer da Independência
José do Patrocínio  -  expoente da campanha abolicionista
José Maria Lisboa  -  jornalista e político
José Martiniano de Alencar  -  político ( Presidente de Província )
Júlio Mesquita  -  jornalista e político
Júlio Mesquita Filho  -  jornalista e político liberal
Júlio Ribeiro  -  escritor
Júlio Prestes  -  político ( Presidente de Estado )
João Alfredo  -  conselheiro do Império

Lamartine Babo  -  compositor popular
Lauro Sodré  -  militar e político
Lauro Müller  -  militar e estadista
Lopes Trovão  -  propagandista da República
Lourenço Caetano Pinto  -  político
Luis Gama  -  líder abolicionista e republicano
Luis Vieira  -  cantor

Luiz Gonzaga - cantor - o rei do baião

Manoel de Nóbrega  -  produtor de televisão
Manoel de Moraes Barros  -  advogado e político
Manuel de Carvalho Pais de Andrade  -
( Presidente da Confederação do Equador (1824))
Mariano Procópio  -  político e empresário
Mário Covas  -  político ( Governador de Estado )
Marquês de Abrantes  -  político e ministro de Estado
Marquês de Paraná  -  político e diplomata
Marquês de Paranaguá  -  político e ministro de Estado
Marquês de São Vicente  -  político e jurista
Marquês de Sapucaí  -  político e jurista
Marrey Júnior  -  jurista e político
Martim Francisco Ribeiro de Andrada III  -  político republicano
Martinico Prado  -  republicano histórico
Maurício de Lacerda  -  advogado e político
Moreira Guimarães, general  -  militar e político

Nereu Ramos  -  político, presidente interino da República
Newton Cardoso  -  político ( Governador de Estado )
Nilo Peçanha  -  presidente da República
Nunes Machado  -  um dos chefes da Revolução Praieira

Octavio Kelly  -  magistrado e político
Osório, general  -  um dos maiores militares brasileiros
Oscarito  -  ator cômico

Padre Feijó  -  político e figura da Regência
Padre Roma  -  prócer da Revolução Pernambucana de 1817
Pedro I  -  primeiro imperador do Brasil
Pedro de Toledo  -  líder civil da Revolução Constitucionalista de 1932
Pinheiro Machado  -  advogado e político
Pixinguinha  -  compositor popular
Prudente de Moraes  -  presidente da República

Quintino Bocaiúva  -  jornalista e político ( Presidente de Estado )
Quirino dos Santos  -  jornalista e político

Ranchinho  -  cantor popular (em dupla com Alvarenga)
Rangel Pestana  -  jornalista e político
Rodolfo Mayer  -  ator
Rui Barbosa  -  jurista, tribuno e político


Saldanha Marinho  -  líder republicano
Senador Vergueiro  -  político e abolicionista
Silva Coutinho  -  político e oitavo bispo do Rio de Janeiro
Silva Jardim  -  propagandista da República
Silveira Martins  -  político e tribuno
Teófilo Ottoni  -  político e colonizador
Tonico  -  cantor popular ( em dupla com Tinoco )
Ubaldino do Amaral  -  um dos patriarcas do Partido Republicano
Venâncio Aires  -  prócer da campanha republicana
Vicente Celestino  -  cantor lírico e popular
Viriato Vargas  -  militar
Visconde de Albuquerque  -  político do Império
Visconde de Itaboraí  -  estadista
Visconde de Jequitinhonha ( Montezuma )  -  político
Visconde do Rio Branco  -  estadista
Vitorino Carmilo  -  político
Washington Luis  -  Presidente da República
Wenceslau Brás  -  Presidente da República.

MAÇONS FAMOSOS NO MUNDO:

terça-feira, 17 de setembro de 2013

MISTICISMO



   Misticismo é a busca da comunhão com uma verdade espiritual que é realizada por meio de experiências diretas ou intuitivas. A origem do termo está nos escritos de Dionísio  no século V, o qual foi empregado para definir um tipo de teologia. Esta é a marca para definir um sistema religioso que possui Deus como transcendente. Assim, o Misticismo marca uma relação direta e íntima com Deus ou com a espiritualidade, resultando em uma religião em seu estado mais apurado. Por isso mesmo, o termo é empregado em crenças paralelas à religião principal, como é o caso da Kabala para o judaísmo, do Sufismo para o islamismo e do Gnosticismo para o cristianismo. Os orientais, por sua vez, acham o misticismo redundante.

    O Misticismo  vai além da religião tradicional por permitir uma experiência direta e pessoal com a divindade ou com a espiritualidade em questão. O que fere os dogmas das maiores religiões do mundo, pois elimina a figura do intermediário. A iluminação ou a experiência mítica é o nome dado para o contato direto com a divindade, que é um estado de consciência no qual o indivíduo vislumbra tudo aquilo que está além do plano físico. Porém essa união com o todo só é possível através de uma dedicação espiritual que capacita o ser humano a se livrar das tentações mundanas.

     As experiências místicas estão relacionadas nas maiores religiões do mundo e também na cultura oriental, descrevendo situações de contato direto com Deus ou, pelo menos, essa sensação. Em busca de tal objetivo, o místico estuda as coisas divinas para viabilizar o seu encontro direto com Deus.   Naturalmente, o Misticismo  se faz presente ao longo da história da humanidade desde seu surgimento. As grandes religiões desenvolveram suas correntes místicas e há muita lenda em torno de suas práticas. A Kabala, por exemplo, tornou-se muito popular como expressão mística e ganhou grande repercussão no decorrer da história. Por isso, é elemento de muitos romances literários e obras cinematográficas envolvendo questões que foram incorporados para um cenário fictício. Muitos artistas e músicos atuais passaram a assumir a ligação com a Kabala também, o que a tornou mais popular.
Fontes:
http://www.sapientia.com.br/Misticismo.pdf

http://www.sophia.bem-vindo.net/tiki-index.php?page=Ascetismo+e+Misticismo


O irmão Bispo JOSÉ JOAQUIM DA CUNHA DE AZEREDO COUTINHO



José Joaquim da Cunha de Azeredo Coutinho, nasceu a 8 de Setembro de 1742, em Campos dos Goitacazes, Capitania do Rio de Janeiro, oriundo de uma família de proprietários há muito estabelecidos no Brasil, pois os seus quatro avós já ali tinham nascido. Era o filho mais velho e cedo demonstrou a sua inteligência. Seu pai levou-o aos seis anos para o Rio, onde estudou Latim, gramática, retórica e filosofia. Aparentemente, tinha uma saúde frágil e seu pai mandou-o viajar para Minas Gerais, zona mais salubre que o Rio.
     Depois da morte de seu pai, em 1768, teve de ir tomar conta da patrimônio da família, no que certamente se não sentiu realizado. Por volta de 1772, decidiu ir estudar Cânones para a Universidade de Coimbra, cujo Reitor, Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho era também brasileiro e seu parente. Ali chegou em 1775, e ficou Bacharel em 30 de Maio de 1780. Pouco depois, foi nomeado para o cargo de Arcediago (Vigário Geral) da Sé Catedral do Rio de Janeiro, de que nunca chegou a tomar posse.
     Foi-lhe oferecido por D. Maria I o lugar de Deputado do Santo Ofício, lugar de prestígio, com a dispensa da licenciatura universitária, que seria normalmente exigida. Não quis tal dispensa e foi estudar mais um ano para Coimbra para obter aquele grau, o que conseguiu a 30 de Julho de 1785. De 23 de Agosto de 1785 são as declarações das testemunhas na Habilitação de gênero para o exercício do cargo de Deputado do Santo Ofício. Esta habilitação,  arquivada na Torre do Tombo e transcrita por Sónia Apparecida Siqueira, é importante para conhecer os amigos de Azeredo Coutinho e os meios em que se movia. Passou a exercer o cargo de Deputado do Santo Ofício em 15 de Setembro do mesmo ano. A 26 de Junho de 1786, foi ordenado sacerdote.
     Em 1791, publicou o seu primeiro texto sobre o preço do açúcar nas Memórias Económicas da Academia Real das Ciências, tomo III. No ano seguinte, foi eleito sócio da mesma Academia.
     Em 12 de Setembro de 1794, foi nomeado Bispo de Pernambuco, cargo em que foi consagrado em 25 de Janeiro seguinte. Só em 20 de Novembro de 1798, é que embarcou para Pernambuco, onde chegou 36 dias, depois para ocupar o lugar de Bispo, que acumulou com os de Governador interino da Capitania de Pernambuco e de Diretor-geral dos Estudos.  O exercício de tão altos cargos, com tanto poder, não podia deixar de lhe trazer dissabores.
     Segundo diz Azeredo Coutinho, os seus conflitos derivavam de a supervisão da diocese estar entregue à Mesa da Consciência e Ordens onde ele tinha inimigos, em vez de depender diretamente do Padroado Real.
     É longa a história dos conflitos, mas aponte-se apenas que uma Carta Real de 3 de Outubro de 1801 contém uma repreensão do Príncipe Regente que muito deve ter pesado a Azeredo Coutinho. Ele respondeu por carta de 12 de Janeiro de 1802, pedindo o julgamento dos seus atos por um Tribunal imparcial, mas de nada valeu. Por carta régia de 25 de Fevereiro de 1802, foi transferido da diocese de Olinda para a de Bragança e Miranda; a 12 de Julho seguinte, embarcou para Lisboa. À “sua” questão dedicou duas publicações “Alegasão jurídica” (1804) e “Defesa de D. José Joaquim da Cunha de Azeredo Coutinho” (1808).
     Entretanto, dedicou-se ele a estudar as questões econômicas sob a sua perspectiva de grande proprietário agrícola, dotado já de um certo patriotismo brasileiro, embora ainda ligado à mãe Pátria.
     Em 1794, a Academia Real das Ciências publicou o seu “Ensaio económico sobre o comércio de Portugal e suas colónias”, que é a sua obra mais difundida e que teve traduções sucessivas para francês, inglês e alemão.
      Escrevera depois a sua “Análise sobre a justiça do comércio do resgate dos escravos da Costa de África”, cuja publicação a Academia Real das Ciências recusara. Fez então com que fosse impressa em Londres, traduzida para Francês em 1798 (ver abaixo). A obra só foi publicada em Portugal em 1808; Na mesma data, publicou o pequeno texto, justificando-se de não ter falado na escravidão dos Índios, proibida expressamente pelas Bulas papais e pela Lei portuguesa.
     Não chegou a ocupar o lugar de Bispo de Bragança e Miranda, mas foi nomeado em 6 de Outubro de 1806 para a diocese de Elvas. A certa altura ofereceram-lhe a diocese de Beja, mas recusou.
     Em 1818, deram-lhe o cargo mais elevado do Antigo Regime: Inquisidor-Geral do Reino. Ficou sem função com a revolução liberal de 24 de Agosto de 1820 e a supressão da Inquisição em 31 de Março de 1821.
     Ainda foi eleito deputado para a Assembleia Constituinte pelo Rio de Janeiro, e tomou posse do lugar a 10 de Setembro de 1821, mas faleceu logo no seguinte dia 12.
     Azeredo Coutinho foi nitidamente um homem fora do seu tempo, com ideias muito rígidas e já inaceitáveis, sobretudo no que respeita à escravidão dos povos africanos. Azeredo Coutinho foi grau 33 da Maçonaria Brasileira.

Fonte: Extraído do site da Loja Maçônica Obreiros de Irajá


O SIGNIFICADO HISTÓRICO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

A aristocracia rural brasileira encaminhou a independência do Brasil com o cuidado de não afetar seus privilégios, representados pelo latifúndio e escravismo. Dessa forma, a independência foi imposta  verticalmente, com a preocupação em manter a unidade nacional e conciliar as divergências existentes dentro da própria elite rural, afastando os setores mais baixos da sociedade representados por escravos e trabalhadores pobres em geral.
   Com a volta de D. João VI para Portugal e as exigências para que também o príncipe regente voltasse, a aristocracia rural passa a viver sob um difícil dilema: conter a recolonização e ao mesmo tempo evitar que a ruptura com Portugal assumisse o caráter revolucionário-republicano que marcava a independência da América Espanhola, o que evidentemente ameaçaria seus privilégios.
   A maçonaria (reaberta no Rio de Janeiro com a loja maçônica Comércio e Artes) e a imprensa uniram suas forças contra a postura recolonizadora das Cortes.
   D. Pedro é sondado para ficar no Brasil, pois sua partida poderia representar o esfacelamento do país. Era preciso ganhar o apoio de D. Pedro, em torno do qual se concretizariam os interesses da aristocracia rural brasileira. Um abaixo assinado de oito mil assinaturas foi levado por José Clemente Pereira (presidente do Senado) a D. Pedro em 9 de janeiro de 1822, solicitando sua permanência no Brasil. Cedendo às pressões, D. Pedro decidiu-se: "Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico".
   É claro que D. Pedro decidiu ficar bem menos pelo povo e bem mais pela aristocracia, que o apoiaria como imperador em troca da futura independência não alterar a realidade socioeconômica colonial. Contudo, o Dia do fico era mais um passo para o rompimento definitivo com Portugal. Graças a homens como José Bonifácio de Andrada e Silva (patriarca da independência), Gonçalves Ledo, José Clemente Pereira e outros, o movimento de independência adquiriu um ritmo surpreendente com o cumpra-se, onde as leis portuguesas seriam obedecidas somente com o aval de D. Pedro, que acabou aceitando o título de Defensor Perpétuo do Brasil (13 de maio de 1822), oferecido pela maçonaria e pelo Senado.
  
Coroação de Pedro I - Debret
Em 3 de junho foi convocada uma Assembleia Geral Constituinte e Legislativa e em primeiro de agosto considerou-se inimigas as tropas portuguesas que tentassem desembarcar no Brasil.
   São Paulo vivia um clima de instabilidade para os irmãos Andradas, pois Martim Francisco (vice-presidente da Junta Governativa de São Paulo) foi forçado a demitir-se, sendo expulso da província. Em Portugal, a reação tornava-se radical, com ameaça de envio de tropas, caso o príncipe não retornasse imediatamente.
   José Bonifácio, transmitiu a decisão portuguesa ao príncipe, juntamente com carta sua e de D. Maria Leopoldina, que ficara no Rio de Janeiro como regente. No dia sete de setembro de 1822 D. Pedro que se encontrava às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, após a leitura das cartas que chegaram em suas mãos, bradou: "É tempo... Independência ou morte... Estamos separados de Portugal". Chegando no Rio de Janeiro (14 de setembro de 1822), D. Pedro foi aclamado Imperador Constitucional do Brasil. Era o início do Império, embora a coroação apenas se realizasse em primeiro de dezembro de 1822.
   A independência não marcou nenhuma ruptura com o processo de nossa história colonial. As bases socioeconômicas (trabalho escravo, monocultura e latifúndio), que representavam a manutenção dos privilégios aristocráticos, permaneceram inalteradas.
   O "sete de setembro" foi apenas a consolidação de uma ruptura política, que já começara 14 anos atrás, com a abertura dos portos.





Fonte: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=3